Um pênalti infeliz em seu destino
Leia a coluna de Tom Barros

Qualquer um de nós pode ser chamado a decidir uma situação na qual não poderemos errar. É aquele instante da vida que o popular chama de tudo ou nada. No futebol, a decisão pode vir através de uma série de cobranças da marca do pênalti. Exatamente aí, até os maiores ídolos podem sucumbir.
Li o que disse Pedro Augusto, ex-Fortaleza, sobre o que teve de suportar, após desperdiçar a cobrança de pênalti na decisão da Copa Sul-Americana, diante da LDU, do Equador. Ele teve a glória à sua frente. Era fazer o gol e entrar para a história. Errou. Virou vilão.
O peso da desgraça caiu todo sobre Pedro Augusto, embora Sílvio Romero e Brítez também tenham desperdiçado as suas cobranças. Pouco se fala que Romero e Brítez perderam. Motivo simples: a cobrança de Pedro daria o título da Sula. As de Romero e Brítez, não.
Agora, já no Sport, Pedro Augusto lembrou esse fato triste de sua vida no Pici. Mas demonstrou superação ao afirmar: “Aprendi muito, infelizmente na dor. Saio do Fortaleza um jogador muito maior do que quando eu cheguei lá”.
Condenação
Todos os jogadores de futebol, até os goleiros, estão sujeitos a situações de desconforto assim. Alguns são condenados para o resto da vida. Cito o caso do goleiro Barbosa, titular da Seleção Brasileira na derrota para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950 no Maracanã. Barbosa morreu sem ser perdoado.
Não errou
Barbosa foi condenado porque, segundo observações da época, falhou no gol de Ghiggia, o que deu o título ao Uruguai. Barbosa não errou. Foi a maior injustiça da história do futebol brasileiro. Um trauma que Barbosa carregou até seu último dia de vida.
Defesas
Barbosa fez milhares de defesas sensacionais na sua brilhante carreira profissional. Defesas que foram esquecidas. Ele foi considerado um dos melhores goleiros da história do futebol brasileiro. Nada disso valeu. Ficou como o vilão que errou no gol de Ghiggia. Terrível injustiça.
Outra injustiça
Vez por outra, o notável jogador Zico, ídolo do Flamengo, é citado por ter pedido um pênalti diante da França, no tempo normal, na Copa de 1986 no México. Depois, na decisão por pênaltis, Zico converteu. Fez o gol. Mas só citam o que ele perdeu no tempo normal. É incrível.
Final
Estou imaginando o que deve ter sofrido Roberto Baggio, da Itália, após a Azzurra, na decisão por pênaltis, perder para o Brasil a Copa de 1994. Ele, o maior ídolo italiano na época, mandou a bola para fora. E, assim, o Brasil ganhou o tetra. Triste de quem, na história, decidindo título importante, tiver um pênalti infeliz no seu destino.