Um Ferroviário como nunca houve antes

Coluna de Tom Barros do dia 18 de setembro de 2023

Legenda: Jogadores do Ferroviário comemoram título da Série D
Foto: Kid Júnior/SVM

Ser campeão brasileiro já é um feito notável. Ser campeão invicto é um feito muito mais notável ainda. O Ferroviário fez 24 jogos. Na fase de grupos, 14. Na segunda fase, dois jogos. Nas oitavas, dois. Nas quartas, dois. Nas semifinais, dois. E os dois jogos finais. 

O Ferrão fez a maior pontuação da fase de grupos: 36 pontos. Nenhum dos 64 clubes chegou perto. Depois, na fase mata-mata, o saiu eliminando todos os que ousaram cruzar o seu caminho. 

Caíram todos, um a um, em sequência, como caem as peças enfileiradas de um dominó. Um Ferroviário com autoridade e confiança. Superior, sem perder a humildade. Gigante quando foi necessário ser gigante. Mas um gigante sem soberba, sem esnobação, respeitador, jamais insolente. 

Um Ferroviário sabedor de suas boas qualidades e de suas deficiências. E, por ser conhecedor de si mesmo, revelou-se capaz de superações inacreditáveis. Foi assim, por exemplo, nos jogos de volta diante do Maranhão e do Caxias. 

Agora é hora de celebrar a conquista. Uma celebração solene, assumindo um novo desafio: subir para a Série B nacional. Ao Ferroviário as luzes de um novo tempo. Um Ferroviário como nunca houve antes.

HISTÓRIA

Minhas primeiras lembranças do time coral são do final da década de 1950. Por uma dessas coincidências da vida, muitas vezes os jogadores passavam defronte à minha casa, na Gentilândia, quando iam atuar no PV. Assim, conheci Dadá, Geroldo, Nozinho, Manuelzinho, Zé de Melo, Aldo, Macaco, Pacoti, Eudócio e tantos outros atletas de expressão.

PROJEÇÃO

Conheci o Ferroviário numa sede modesta, na Rua Padre Francisco Pinto, a um quarteirão da extinta estrada de ferro, onde hoje está a Avenida José Jatahy. Mas, já há alguns anos, o Ferroviário tem sede na Barra do Ceará, na Rua Dona Filó (nome dado em homenagem a uma de suas torcedoras mais queridas). É lá o Estádio Elzir Cabral. 

SÉRIE A NACIONAL

O Ferrão passou seis anos na elite do futebol brasileiro, ou seja, de 1979 a 1984. É lógico que voltar para a Série A é um sonho muito distante ainda. Mas há necessidade de ousar. Agora o Ferrão vai disputar a Série C. Portanto, pode seguir o belo exemplo do Fortaleza, que, em cinco anos, deu um salto da Série C para a Libertadores. 

EXEMPLO 

O Fortaleza passou oito anos na Série C. Sofreu. Mas, quando resolveu ousar, subiu como um foguete. E eis aí o Leão de Aço entre os melhores times do Brasil. Da Série C para a Série A, para a Copa Libertadores e para a Copa Sul-Americana. Inclusive, vai disputar com o Corinthians uma vaga na final da Sula. Tudo é possível. 

CONCLUSÃO 

O Ferroviário merece todos os elogios e aplausos pela conquista invicta da Série D nacional. A diretoria coesa acreditou no trabalho do técnico Paulinho Kobayashi. Na pessoa do atacante Ciel, o exemplo de superação de um senhor de 41 anos. Sei que não é fácil chegar à Série A. Mas nada impede que um sonho possa um dia tornar-se realidade.

OBSERVAÇÃO

Hoje entro de férias, por um período de 15 dias.



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