Tudo muda na marca do pênalti

Leia a coluna desta segunda-feira

Legenda: Fortaleza foi derrotado pelo Flamengo por 2 a 0.
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC

Se Pikachu tivesse convertido em gol o pênalti que ele bateu, o resultado do jogo de sábado diante do Flamengo no Maracanã poderia ter sido favorável ao Leão? Não há como responder. As circunstâncias se alteram. Aos 10 minutos, o goleiro do Flamengo, Matheus Cunha, pegou o pênalti. Foi um duro golpe para o Leão. Aos 13 minutos, Gabriel fez 1 a 0 para o Flamengo. Em três minutos, mais um golpe sofreu o Fortaleza. Fica emocionalmente desequilibrado todo time que venha a passar por situação assim.

Está provado que o pênalti altera a natureza das coisas. Para quem vai bater, a trave fica estreita e os braços dos goleiros se estendem mais. Para quem vai tentar pegar, a trave fica mais larga e os braços diminuem de comprimento. Numa péssima cobrança, Pikachu deixou escapar a grande oportunidade de colocar o Fortaleza em vantagem logo no início do jogo. São detalhes que fazem a diferença. Volto à velha frase do filósofo do futebol, Neném Prancha: “O pênalti é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube”. Se o autor da frase foi mesmo Neném Prancha, há controvérsias. Mas que comporta uma verdade incontestável, não resta dúvida.  

Consequência 

Pênalti já foi motivo de glória ou desgraça para muitos jogadores de futebol. Na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, Roberto Baggio, um dos maiores artilheiros da história do futebol italiano, caiu em desgraça ao mandar para fora a cobrança que terminou dando o título de tetracampeã do mundo à Seleção Brasileira. 

Pressão 

Decisão por pênalti é algo que deveria ser banido do futebol. Motivo simples: o futebol sai do coletivo e passa para o individual, atirando nas costas de alguém a responsabilidade que necessariamente seria de todo o grupo. Se o jogador faz o gol do título, vira herói. Se perder, será vilão por todos os séculos. 

Lenda 

Reza a lenda que, no futebol cearense, houve um atleta que jamais perdeu um pênalti. Trata-se de Célio Bandeira, que foi destaque no Gentilândia, no Fortaleza e na Seleção Cearense nas décadas de 1950 e 1960. Seu companheiro de clube, Pedrinho Simões, hoje com 83 anos de idade, afirma que Célio perdeu um pênalti sim. Mas a lenda se sobrepõe aos fatos concretos. 

Forma de bater 

Consta que o volante Célio batia os pênaltis sem muita potência, mas no canto, rasteiro e com efeito. Não tinha goleiro que pegasse uma cobrança assim. Fui amigo de Célio Bandeira e dos irmãos dele, Tarcísio e Zezé Bandeira, ambos, como eu, coroinhas da Igreja dos Remédios. Há muitos anos perdi o contato com eles. Na época era incontestável que Célio jamais havia perdido um pênalti. 

Pesquisadores 

Deixo aos pesquisadores a tarefa de confirmar ou não a lenda sobre Célio Bandeira. O goleiro Pedrinho diz que há registro em jornais da época, dando conta de que Célio perdeu um pênalti. Não sei se na época em que ele jogava no Gentilândia (1956) ou se já no Fortaleza na década de 1960. Aguardo a manifestação de Eugênio Fonseca, importante pesquisador do nosso futebol.



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