Tinga, eterno na galeria tricolor

Leia a coluna de Tom Barros

Escrito por
Tom Barros producaodiario@svm.com.br
Legenda: Tinga, ídolo do Fortaleza, deixa o clube após nove temporadas
Foto: Matheus Amorim/FEC

Há jogadores que passam. Levados pelas brumas da indiferença, logo são esquecidos. Não constroem nada merecedor de um registro especial. E, assim, sem serem notados, chegam e saem do clube. Não deixam nem uma sombra, nem um rastro, nem uma marca. Evaporam como éter. 

Há outros que chegam para fazer história. Como costumo dizer, fazem com o clube uma espécie de fusão de imagens. Edificam juntos as glórias e as conquistas. Assim, nos últimos nove anos, Fortaleza e Tinga tiveram uma só voz, uma só ação, sempre unicamente juntos.  

Os números anunciados e confirmados pelos estatísticos, colocam Tinga entre os melhores dos melhores. Vai para a galeria dos que, em algum momento, fizeram a diferença. Assume posição ao lado de ídolos como Moésio Gomes, Mozart Gomes, Croinha, Pedro Basílio, Zé Paulo, Cassiano, Fabiano... 

Houve jogos memoráveis em que Tinga foi lateral, volante, meia, atacante, goleador. Cheguei a escrever uma coluna na qual eu perguntava se o técnico Juan Pablo Vojvoda sabia qual era mesmo a posição do jogador. Só não vi o Tinga atuar como goleiro. Mas o vi dono da bola. 

Tinga vestiu a camisa tricolor. O manto tricolor. Em momentos parecia ser o dono do clube, o presidente do clube, o técnico do clube, o supervisor, o educador físico, o mordomo. Tudo. Por isso é amado pela torcida. Deu de si tudo o que um atleta pode dar: talento, competência, garra, amor, lealdade. 

Chegou a hora de Tinga ir embora. Tenho a impressão de que ocorrerá com ele uma diferente espécie de bicorporeidade. Tinga vai e fica. Estará ao mesmo tempo em dois lugares: o Tinga, do presente, em outras equipes pelo mundo afora; e o Tinga da saudade, eternamente presente na galeria e nos corações tricolores.

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