Reminiscências ao sabor das emoções

Leia a Coluna desta quarta-feira (24)

Escrito por
Tom Barros tom.barros@svm.com.br
Legenda: O futebol está de recesso e volta em janeiro com o Campeonato Cearense
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Quando o futebol encerra suas atividades, tenho dificuldades para acompanhar o período de recesso. São especulações sobre contratações e valores, na maioria das vezes fora da realidade. Aí me vem uma saudade imensa dos estádios, cheios de esperanças e de frustrações.    

Corações que batem forte nos momentos de decisão. Um pênalti perdido, que faz vilão quem poderia ser herói. É a bola que bate na trave. É o VAR que traz o desengano após um gol efusivamente comemorado. Um gol no último minuto, quando tudo parecia definido.   

Viagens que terminam em títulos ou desilusões. Idas e vindas por cidades diversas. Um arrumar de malas a cada fim de temporada. Gente que talvez nunca mais a gente veja nos campos de futebol. Gente que fez a alegria ou a tristeza de alguém em algum lugar.    

Andei pelo mundo. Andei por países. Narrei gols memoráveis. Tive a companhia de velhos amigos profissionais que já estão no andar de cima. Reminiscências das trilhas sonoras que só as torcidas sabem fazer ao sabor das emoções.   

   

Primeira viagem   

   

A descoberta da Itália, na primeira transmissão internacional da Verdinha, direto da Europa, em 1989. Eu, Carlos Silva e Sérgio Pinheiro. Amistoso. O Brasil ganhou da Itália (0 x 1) em Bologna, gol de André Cruz. Foi a abertura de portas para a grande cobertura da Copa da Itália em 1990.    

   

Suspiros   

   

Em 1990, eu, Sérgio Pinheiro e Carlos Fred cobrimos a Copa da Itália. Na folga, um passeio de gôndola em Veneza, sob a Ponte dos Suspiros, ao som dos tenores. Em 1994, nós três cobrimos o tetra do Brasil nos Estados Unidos. Em 1998, na Copa da França, apesar da perda do penta, valeram os passeios pelos encantos de Paris.  

   

O Rei   

   

Em 1959, Pelé, em um carro do Corpo de Bombeiros, passou em frente à minha casa, na Gentilândia. Eu tinha 12 anos. Pelé, 18. Ele ia para o PV. Foi no dia 18 de julho de 1959. Fortaleza 2 x 2 Santos. Pelé fez os dois. Zé Raimundo e Bececê para o Leão. Um ano antes, Pelé havia conquistado a Copa do Mundo de 1958 na Suécia.   

   

Dois momentos  

   

No mesmo Estádio Presidente vi dois momentos de Mané Garrincha. Em 1957, no auge da forma, antes de se consagrar campeão do mundo em 1958 na Suécia. Depois, em 1968, já decadente, eu o vi jogando uma partida pelo Fortaleza. Garrincha percorria o Brasil, fazendo apresentações isoladas. Uma tristeza.    

   

Retorno   

   

Espero ansioso a volta das atividades futebolísticas. O recesso me traz boas lembranças, mas vem junto a nostalgia. São imagens que curto no silêncio da saudade. Ora, encontro motivos para sorrir. Ora encontro motivos para chorar. Tudo passa rápido demais.       

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