Estamos diante de uma situação nunca antes vivida pelas atuais gerações. A gripe espanhola, em 1918, foi o último estrago mundial maior provocado por uma peste. As que vieram depois não tiveram o efeito de parar o mundo como o coronavírus agora. Então chegou a hora de recomeçar. Sim, recomeçar ou começar tudo do zero. Honestamente, não sei. As coisas ainda estão muito nebulosas. Na área da saúde, há divisões até entre sumidades da ciência médica. Opiniões opostas, que nos levam à incerteza quanto ao caminho a seguir. Creio mesmo que somente com a descoberta da vacina será possível ver outra vez o mundo como ele era. Até lá, predominará a esquisitice de um relacionamento a distância, separado, sem os beijinhos e abraços tão próprios das manifestações brasileiras. Quanto ao esporte, a meu juízo, terá de começar do zero. A quebra na sequência do planejamento torna quase impossível recuperar o atleta em poucos dias de preparação. Os jogadores só irão sentir quando a disputa começar para valer. Aí, sim, será possível avaliar o grau de comprometimento deixado pela praga. Será natural que o futebol volte mais lento. E nem sei se alcançará os níveis de alta performance.
Resposta
Outro assunto que predominará entre os fisiologistas será a resposta dos atletas no retorno após o isolamento social. Nenhum fisiologista viveu situação assim antes. Portanto, todos estão no mesmo grau: conhecimento zero nessa parte. Evidente que depois livros serão escritos com base no que for analisado. No momento, porém, não há parâmetros.
Vontade
Além da condição física individual, que determinará quem obterá de imediato os melhores rendimentos, há a questão da vontade. Quem mais se dedicar poderá surpreender. É lógico que o amor à causa traça a separação entre o que faz os exercícios por estrito cumprimento do dever e o que faz os exercícios por puro sentimento de prazer.
Em campo
A parte empírica poderá ter forte influência na condução das equipes em busca de produção mais aguda. A observação da conduta dos atletas dará um norte sobre o que será mais adequado à retomada. As dores e queixumes, desde que não advindos da preguiça, devem ser levados na devida conta. Cuidado para não estourar o atleta.
O ex-atacante alemão, Miroslav Klose, o maior artilheiro de todas as edições de Copas do Mundo, com 16 gols, fez uma declaração interessante. Ele não gostava de preparação física. Mesmo assim, isso não o impediu de ter muito sucesso como goleador.
Há atletas que compensam, com elevado senso de colocação, a falta de melhor condição física. A experiência permite que atletas assim descubram os atalhos que facilitam suas maneiras de operar. Aí, eles se dão bem. Mas isso só vale como exceção. Penso assim.