Os graves dramas de Pelé e Roberto Dinamite

Hoje, dois homens fragilizados. Vi as incontáveis mensagens de apoio a ambos. Um mundo em orações pela vida

Legenda: Roberto Dinamite aperta a mão de Pelé
Foto: Reprodução

O destino, o amanhã, nada está sob o nosso controle. Somos passageiros sujeitos às intempéries. Podemos viver as glórias do mundo. Mas também podemos experimentar as agruras do mundo. O câncer desafia a ciência. E vai causando sofrimentos, ora em crianças, ora em adultos, ora em idosos. A ciência, mesmo com todos os avanços, não conseguiu barrar certos tipos de tumores. Os anos passam sem que haja uma resposta positiva. Pelé experimenta momento extremamente difícil, vítima de metástase. Roberto Dinamite também enfrenta sérias dificuldades, vítima de enfermidade semelhante. Fiquei abalado quando vi a recente postagem do Dinamite. Procurei o gigante, forte, atleta perfeito. Vi a imagem de um homem debilitado, distante daquela imagem de goleador, de ídolo, notável artilheiro. Doeu. Conheci Roberto pessoalmente, quando ele estava no auge. Também conheci Pelé no momento maior de seu reinado. Hoje, dois homens fragilizados. Vi as incontáveis mensagens de apoio a ambos, enviadas por amigos, antigos companheiros e adversários, clubes, torcedores, cronistas. Um mundo em orações pela vida. Meu Deus, quando haverá a cura de todos os tipos de câncer?  

Mensagem 

Zico e Roberto foram eternos rivais. Rivalidade que se transformou em amizade sincera e leal. Dentre as mensagens enviadas a Roberto, a do Zico me pareceu a mais profunda, tocada pela tristeza, mas sem perder a esperança na recuperação do Dinamite. Durante anos eles foram os ídolos mais amados pelos brasileiros. 

Inconcebível 

Não entendo como em três Copas do Mundo Zico e Roberto não foram titulares juntos. Em 1978, no jogo importante diante da Argentina, o técnico Cláudio Coutinho colocou Roberto de titular. Ótimo. Mas deixou Zico no banco até 22’ da fase final. Um absurdo. Quando Zico entrou no lugar de Jorge Mendonça as coisas começaram a clarear. Mas não deu para recuperar o tempo perdido. Deu 0 a 0.  

Na Espanha 

O técnico Telê Santana optou por Serginho Chulapa em detrimento de Roberto Dinamite. Foi um dos maiores erros de Telê que não teve a humildade de reconhecer isso. Na eliminação para a Itália na Copa de 1982, Serginho quebrou a bola e até atrapalhou Zico, que reclamou. Roberto nem no banco foi. O Brasil precisando de gols. Aí o Telê tirou Serginho e colocou Paulo Isidoro. O Brasil perdeu. 

México 1986 

Telê deixou Roberto no Rio. Ele estava no auge em dupla com Romário. Telê levou uma seleção com ídolos como Zico, Sócrates, Júnior e Careca. Alguns, porém, sem a melhor condição física. Zico em tratamento. O Brasil foi eliminado pela França. Foi mais uma copa sem Zico e Roberto juntos. Resta-nos orar por Pelé e Roberto neste momento de luta contra a terrível doença.