Resolvi acompanhar a bola rolando no futebol. E fui buscar imagens de quem voltou primeiro: os alemães, sempre os alemães. Vi o jogo Werder Bremen 0 x 3 Eintracht Frankfurt. Gostei. O português André Silva fez 1 a 0. Stefan Ilsanker fez os outros dois gols. Apesar de ser um jogo atrasado da 24ª rodada, a disputa agradou. O Bremen, embora na zona de rebaixamento, lutou muito. Todos estão com sede de bola depois do isolamento. Os times não estão num ritmo alucinante, mas já apresentam velocidade elevada, levando-se em conta tanto tempo de isolamento. É esquisito o tipo de comemoração. Há aproximação e cumprimentos, mas bem diferente das pirâmides de outrora. Nesse jogo vi alguns funcionários sem máscara. É estranho o estádio vazio. É como cinema mudo. Você pode imaginar, numa outra comparação, um filme falado, mas sem trilha sonora. Fica faltando alguma coisa. Já imaginaram o belo filme "Os Girassóis da Rússia" sem a música "Sunflower", do genial Henry Mancini? A cena final, em que Marcello Mastroianni (Antonio) se despede de Sophia Loren (Giovanna), não emocionaria tanto quanto emociona sob o som romântico da obra de Mancini.
A última chuva
Não sei de onde nasceu uma mania que tenho de querer ver a última chuva do inverno. Às vezes, levanto-me até de madrugada, quando começa a chover. Pode ser a última chuva da temporada. É sentimento de saudade das águas. Mas também busca de Sol, de nova realidade. Volta da normalidade, máxime do futebol aqui.
Otimismo
Cansei de pessimismo, de desgraça. Cansei do coronavírus. Pavor a esse nome. Praga que cortou a aproximação das amigas e dos amigos. Peste que nos afastou dos beijinhos e abraços. Desgraça que matou tanta gente. Quero futebol, bola rolando, como na Alemanha. Pior é que ainda teremos de conviver com essa praga por longo tempo.
Treinador
Uma nova experiência para os treinadores do mundo. A princípio, talvez não haja muita mudança no relacionamento dos técnicos com seus comandados. Mas só a prática revelará até que ponto os protocolos poderão ser óbices às pretensões dos treinadores. De momento, não vi nenhuma dificuldade. Cada treinador na sua, no seu trabalho.
Dei valor À postura assumida pelos narradores de futebol, que estão fazendo a cobertura do Campeonato Alemão. Tiveram a vibração proporcional aos lances de maior perigo. Não quiseram passar nada fora da realidade. Foi bom.
Outro ponto importante: as emissoras não buscaram o artifício da "trilha sonora" de público para suprir o problema do estádio vazio. Transmissão seca mesmo, dentro da nova realidade. Nada de mentiras para o telespectador. Não sei como vai funcionar aqui.