Todos querem bola rolando. É a graça que ocupará os corações vazios de emoção. É a matéria-prima que alimentará televisão, rádio e jornal. É o encanto que levará de volta vida aos estádios mortos. Um ressuscitar de desejos contidos pela quarentena, que de quarenta não teve nada. Lá se vão “sessentena”, “setentena” e outros “tenas” mais. A volta do futebol ainda parece turva, opaca, máxime pelas dificuldades dos times menores. Alguns terão de contratar barriga de aluguel. Outros terão de sugerir a flexibilização do regulamento. Enfim, como ninguém é culpado, mais correto será acomodar mediante consenso. Um “conselho emergencial” seria composto para adequar no âmbito jurídico as pendências de cada equipe. Não seria um escancarar de portas porque aí poderia descambar para facilitações indevidas. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Rigor no cumprimento dos protocolos, consciência responsável, distância das aglomerações. É assim que vai funcionar. A nebulosidade é grande. Todos tateando. Até mesmo médicos famosos tiveram de rever posições. Julho já desponta no horizonte. Vem trazendo esperança e beleza como os primeiros raios de sol de todas as manhãs.
Grandes e pequenos
Alguns entraves estão na retomada dos clubes menores. O procedimento de segurança é único, indivisível, inseparável, para grandes e pequenos. Se alguém furar, poderá expor ao risco todos os envolvidos. Então, a questão financeira é fundamental. Se os pequenos não tiverem lastro, o jeito será a prestação de socorro por parte da FCF.
Risco
É verdade que não existe risco zero contra o coronavírus. Por mais que as medidas de precaução sejam tomadas, sempre haverá a possibilidade de contaminação, mínima que seja. Além disso há grupos que se expõem mais. Mesmo com o controle quinzenal por parte dos clubes, não há proteção absoluta. O risco é reduzido, mas não neutralizado.
Maior
Claro que, quando a bola rolar, as possibilidades de contaminação serão maiores. Haverá jogadores assintomáticos, mas contaminados, que poderão passar o vírus aos demais atletas. Nessa parte não há como evitar o risco. O importante diante das barreiras é cumpri-las com rigor. O resto fica na conta do imponderável.
Pílulas
No antigo Maracanã havia uma situação desconfortável. No anel superior ficavam os narradores de fora do Rio de Janeiro, quando de jogos mais importantes. Muitas vezes, era preciso o narrador subir em caixotes de madeira para ver direito o campo de jogo.
Os profissionais ficavam tão perto, uns dos outros, que, não raro, o vizinho atrapalhava quem estivesse do lado, principalmente se falasse muito alto. Quando o jogo era menos importante, havia cabine para todo mundo. Mesmo assim, mil vezes o Maracanã antigo que o de hoje.