O poder soberano dos árbitros de futebol

Quando o árbitro caminha para o centro do gramado, leva consigo o símbolo do poder absoluto. As decisões dele, certas ou não, serão cumpridas na hora, ao pé da letra. Só depois os tribunais poderão modificar alguma coisa. O primeiro árbitro que conheci foi José Tosta com quem depois trabalhei na Ceará Rádio Clube, na década de 1970, ele já como crítico de arbitragem. Lembro de muitos deles: Raimundo da Cunha Rola (popular Rolinha), Alzir Brilhante, Ricardo Bonadies, Vicente Trajano, Louralber Monteiro, Harry da Costa Ramos, Abdon dos Santos. Depois a geração de Joaquim Gregório, Luís Vieira Vilanova, Leandro Serpa. Árbitros respeitados. Destaque para Dacildo Mourão, único cearense que chegou ao quadro da FIFA. Todos eles trabalharam sem o auxílio do Var, esse equipamento para tirar dúvidas, mas que, às vezes, faz mesmo é ampliá-las. O Var é produto da modernidade, mas o poder do árbitro ainda está acima do Var. Dentro das quatro linhas, ninguém no mundo tem mais poder que o árbitro de futebol. Ali ele é soberano. Há alguns que se acham um semideus. Outros se acham um deus mesmo...

Destaque

Um árbitro que conseguiu unanimidade foi Manoel Amaro de Lima, alagoano que no Maracanã em 1969 dirigiu Vasco 0 x 1 Santos, no qual Pelé marcou o milésimo gol. Amaro virou celebridade. Era simples, humilde. Foi o único que vi sair de campo aplaudido de pé, quando de um jogo no PV na década de 1970.

Rigoroso

Leandro Serpa firmou seu nome pelo rigor. Seu seguidor direto, pela linha de dureza, foi Dacildo Mourão, que tinha o cartão amarelo como símbolo da ameaça e o cartão vermelho como símbolo da execução. Os atletas o temiam. Só perdeu prestígio quando bateu de frente com o poderoso Armando Marques.

Numa boa

Nas décadas de 1970 e 1980, o árbitro Luís Vieira Vilanova tinha seu jeito de apitar. Como tinha sido jogador de futebol, conhecia as artimanhas. Dava soluções a seu modo. Mandava recado direto aos atletas com frases como "te conheço", "sei o que você quer", "fica na tua". E assim mantinha o jogo sob controle.

Quero homenagear aqui duas auxiliares de arbitragem. Uma dos anos 2000: Dayse Toscano. No meu modo de entender, uma das melhores do Brasil na sua época. Não tinha ajuda de VAR. Dayse era incrível pela precisão.

Nos tempos presentes, homenagem a Carolina Romanholi de quem sou fã. Com ela aprendi que, para acertar na marcação dos impedimentos, a audição ajuda. Você olha os atacantes e fica atento à batida na bola.



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