O gramado vale ouro

Leia a coluna de Tom Barros desta sexta-feira (3)

Legenda: Gramado do Castelão castigado após Fortaleza e Vasco pela Copa do Brasil na última quarta-feira
Foto: THIAGO GADELHA / SVM

A qualidade do futebol tem tudo a ver com a qualidade do gramado. Uma coisa está intrinsecamente ligada à outra. Não por acaso, de forma simbólica, os narradores passaram a chamar de tapete verde o quadrilátero onde acontecem os jogos. Vou além: estenderia um tapete vermelho, de ponta a ponta, em sinal de respeito aos que dão espetáculo nas quatro linhas. “Oh, jardineira, porque estás tão triste. Mas o que foi que te aconteceu?”.

A grama está morrendo. Morte horrível. Pisoteada. Mais uma vez, o velho problema. Incomoda. Compromete a imagem do Castelão, uma das mais bonitas praças de esporte do mundo. Presta tudo, menos o gramado. Ninguém quer jogar no Castelão. Medo de contusões. Todos os esforços foram feitos para a recuperação do gramado no Castelão. O estádio foi interditado por quase quatro meses. Após os trabalhos de recuperação do gramado, tudo voltou ao normal. Mas, em pouco tempo, logo às primeiras chuvas, já se via que a situação voltaria ao que era antes. Voltou. Agora não adianta paliativo. Terão de buscar solução definitiva. Uma postura radical diante do desafio. Tudo ou nada. 

 

Zelo 

 

Os europeus cuidam melhor dos gramados. Certa feita, fui visitar o Estádio San Siro, em Milão, na Itália. Caía muita neve. Quando entrei, o gramado estava todo protegido por uma lona. E, embaixo da lona, luzes fortes acesas, deixavam a grama aquecida. Verdadeiramente um tapete, sem uma falha sequer.  

 

Tapetes 

 

Tive a felicidade de conhecer importantes estádios do mundo: o Allianz Arena, de Munique, Alemanha; o Santiago Bernabéu, em Madrid; o San Siro, em Milão, Itália; o Signal Iduna Park, de Dortmund, Alemanha; o Parc des Princes, em Paris; o Stade de France, em Saint-Dennis; o Delle Alpi, em Torino, Itália. Em todos, o gramado impecável. Perfeito. 

 

Perfeitos 

 

Poderia citar muitos outros estádios que conheci pelo mundo. Em todos o zelo com o gramado. Nas décadas de 1970 e 1980, os dois melhores gramados do Brasil eram o do Castelão em Fortaleza e o do Serra Dourada em Goiânia. Na atualidade, não sei como está o do Serra Dourada. O do Castelão virou um problema crônico. 

 

Carga pesada 

De nada adiantará um novo reparo no gramado do Castelão, se continuar a avalanche de jogos programados para lá, nas diversas categorias do Campeonato Brasileiro. Não há grama que resista ao desgaste de tantos jogos seguidos. É um calendário que mata a grama, por mais que haja esforços para mantê-la viçosa, exuberante. 

 

Detalhe 

 

Os grandes estádios de hoje são um requinte de luxo e conforto em alguns setores, máxime onde estão os camarotes. Há cuidados especiais com os mais variados itens. Ótimo. Mas, se descuidarem do gramado, cometerão o maior de todos os equívocos. O gramado é o espaço principal de um estádio. Os jogadores sabem muito bem o que eu digo.