O Fortaleza e o triste fim de uma era

Leia a Coluna deste sábado (13)

Escrito por
Tom Barros tom.barros@svm.com.br
Legenda: O Fortaleza foi rebaixado para a Série B
Foto: KID JUNIOR / SVM

Tudo na vida tem começo, meio e fim. Faz parte. No futebol não é diferente. Se vocês me perguntarem qual o maior Fortaleza que eu já vi, não titubearei para responder. Sem pensar e de olhos fechados direi: o Fortaleza da época de Vojvoda. Maior que o de Moésio Gomes, maior que o de Rogério Ceni.  

Em 2021, o Fortaleza encantou o país. Era bonito vê-lo jogar. Um desfile permanente. Desfile de repertório, de vitórias, de conquistas. Dava a impressão de que ganhava o jogo, quando decidia ganhar. O Fortaleza de Tinga, Titi, Ederson, Romarinho, Bruno Melo, Robson, Wellington Paulista...  

Em 2023, vice-campeão da segunda maior competição das Américas. Apesar da perda do título, o avanço internacional pelo talento de João Ricardo, Tinga, Brítez, Titi, Pacheco, Caio Alexandre, Lucas Sacha, Zé Welison, Pedro Augusto, Pochettino, Tiago Galhardo, Marinho, Machuca, Lucero, Romero, Gulherme, Pikachu.  

Em 2024, mais uma vez o quarto melhor time do Brasil. Novamente na Libertadores da América. O time em estado de graça. A torcida em estado de graça. Nunca o Fortaleza foi tão coeso, vitorioso e feliz.  

  

Canto do Cisne  

  

Em 2025, algo inexplicável aconteceu. Os primeiros sinais de saturação. Aqui, ali, uma vitória, mas sem o brilho de antigamente. Uma espécie de canto do cisne. O Fortaleza já não era o mesmo. Até no alto comando, onde tudo parecia paz e harmonia, surgiram fortes divergências.   

  

Fim  

  

No dia em que mandaram embora o técnico Juan Pablo Vojvoda, com ele foram também os melhores e mais felizes momentos da história do Fortaleza. Vojvoda não era santo, mas ganhou a aura de santo. Um guru, um mestre. Um ídolo como nenhum outro técnico conseguiu ser no Pici.  

  

Galeria  

  

Hoje, rebaixado para a Série B nacional, vem a consciência de que aquela fantástica formação tricolor não existe mais. O Fortaleza de Vojvoda passou. É inacreditável. Passou, mas entrou para a galeria dos times inesquecíveis, imortais. Com certeza, será lembrado para sempre.  

  

Dispersão  

  

Cada componente daquele glorioso esquadrão tomará seu rumo. Em cada coração, uma saudade. Como foi bom o tempo de Vojvoda. Havia nele algo místico, transcendental. Há formações que caem no esquecimento. Há formações que entram para a eternidade. A formação de Vojvoda é eterna.  

  

Reencontro  

  

Será que algum dia Juan Pablo Vojvoda voltará ao comando técnico do Leão? Só o tempo dirá. Mas, ainda que ele retorne, a formação não será a mesma. Mais uma vez lembro a velha canção de Lulu Santos: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará”.  

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