O Ferroviário é um time diferente

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Ferroviário disputa as oitavas da Série D com o Nacional de Patos.
Foto: Lenilson Santos/Ferroviário

O saudoso senhor Antonio Gouveia (seu Toinho), que foi meu sogro, era apaixonado pelo Ferroviário. Através dele foi que eu tive um maior contato com a torcida coral. Em 1970, quando o conheci, a torcida do Ferroviário rivalizava com as torcidas do Ceará e do Fortaleza. Em 1970, por sinal, o Ferrão conquistou com muito mérito o título de campeão cearense. Na época, aconteceu um fato que eu nunca esqueci. Seu Toinho não perdia um jogo de seu Ferroviário. 

 Num domingo, eu estava na casa dele, ouvindo o jogo pelo rádio. No final do jogo, um torcedor coral foi assassinado, após uma confusão fora do estádio. No rádio, o locutor informou o triste acontecimento. A Mana, então adolescente, filha do seu Toinho, ao ouvir a notícia, caiu em prantos. Gritava, dizendo que tinham matado o pai dela. Eu tentei acalmá-la, dizendo que o homem morto não tinha sido identificado. Ela chorava mais ainda. E, aos gritos, reafirmava que tinha sido o pai dela, sim. De repente, seu Toinho surgiu na porta da casa. Imaginem o abraço, a loucura que foi ao ver o pai “ressuscitado”. Uma festa de sorrisos e lágrimas. Ainda bem que o Ferroviário tinha vencido a partida. Foi grande a comemoração. 

Sucesso 

O Ferroviário está vivendo um momento muito especial. Fez a melhor campanha da fase de grupos, dentre os 64 times da Série D nacional. Tem a vantagem de decidir domingo, em casa, no PV, diante do Nacional de Patos, uma vaga nas quartas de final. Na Copa Fares Lopes, já garantiu vaga na final ao derrotar o Pacajus. E também garantiu vaga na Copa do Brasil de 2024. 

Torcedores 

O Ferroviário é um time muito querido também pelos torcedores de outras agremiações. É uma equipe simpática. Dentre os torcedores ilustres do Ferroviário, cito a saudosa e notável escritora Rachel de Queiroz. O ex-governador do Ceará, Gonzaga Mota, que, não raro, se fazia acompanhar do grande e saudoso líder da torcida coral, Zé Limeira. O narrador esportivo, Léo Batista. 

Outros mais 

O querido Sebastião Belmino, irreverente profissional do rádio e da televisão, sempre se declarou ardoroso torcedor do Ferroviário. A jornalista Lyana Ribeiro é apaixonada pelo Ferrão. Ela não perde um jogo sequer. O saudoso apresentador de rádio e televisão, Augusto Borges, foi torcedor do Ferrão. O noticiarista Mardônio Sampaio, também foi apaixonado pelo Ferroviário. 

Ídolos 

O maior ídolo coral de todos os tempos foi o atacante Pacoti, que morreu em novembro de 2021. Mas o Ferroviário teve também outros ídolos famosos como Mário Jardel e Mirandinha, atacantes revelados pelo Ferroviário e que também jogaram pela Seleção Brasileira principal. Foi do Ferroviário uma zaga que entrou para a história do futebol cearense: Manoelzinho e Nozinho. 

Homenagem 

A sede do Ferroviário fica na Rua Dona Filó, número 650, na Barra do Ceará. Certamente, as novas gerações não sabem quem foi Dona Filó. Eu a conheci no final da década de 1950 no PV. Ela e sua grande amiga, Dona Chaguinha, torcedora do Ceará, tinham seus lugares reservados do lado esquerdo das cabines de rádio. Justa homenagem a Dona Filó, admirável torcedora coral.



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