O Botafogo e a gaiatice do mundial de clubes

Leia a coluna de Tom Barros

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Legenda: Botafogo foi derrotado pelo Pachuca no Mundial de Clubes.
Foto: Vitor Silva/Botafogo.

Até nas competições suburbanas, onde impera o amadorismo, há mais seriedade do que em determinadas medidas tomadas pela FIFA, a entidade mais importante do futebol mundial. Agora mesmo, na atual Copa Intercontinental, há uma aberração que nenhum time suburbano aceitaria.  

Esta é a 21ª edição do Mundial de Clubes. O regulamento é uma gaiatice. O Real Madrid, campeão da Liga dos Campeões da Uefa, entra em campo apenas para jogar a decisão da Copa Intercontinental. Privilégio dos privilegiados, fora das quartas e das semifinais. Assim é bom demais. 

O Botafogo teve de enfrentar o Pachuca, do México. O Botafogo perdeu (0 x 3). O Pachuca se classificou. O Al-Ahly teve de enfrentar o Al Ain. O Al-Ahly ganhou (3 x 0). Amanhã, Pachuca e Al-Ahly se enfrentam pela semifinal. Quem ganhar vai enfrentar na final o Real Madrid, que não teve de jogar com ninguém. 

Onde já se viu privilégio assim? O Real já entrou classificado para jogar apenas a decisão. E pronto. E todo mundo aceitou o regulamento. E todo mundo disse amém. E ficou por isso mesmo. Uma aberração!  

Mudança 

O Mundial de Clubes era disputado só pelo vencedor da Champions League (Europa) e da Libertadores (América do Sul). Depois incluíram os campeões da Concacaf (América do Norte, Central e Caribe), CAF (Confederação Africana de Futebol), AFC (Confederação Asiática de Futebol) e OFC (Confederação de Futebol da Oceania).  

Justiça 

A mudança, teoricamente, tinha o sentido de envolver os cinco continentes, visando a dar realmente uma abrangência mundial. Havia aí o ideal de inclusão e de justiça. Tudo bem. Ótimo. Mas tal sentido foi esvaziado, quando privilegiou o futebol europeu, que entrou direto na final. Gaiatice muita. 

Campeão 

Ora, o time joga uma partida só e, se ganhar, sai proclamado campeão do mundo. Nem nos torneios de futsal da pracinha da Gentilândia se admitiria aberração assim. A desavergonhada FIFA, diante da pusilanimidade dos circunstantes, mandou ver: se colar, colou. Portanto, colou.  

Massacre 

O Botafogo chegou estropiado na competição. Vindo da decisão da Libertadores, onde teve de atuar com apenas dez jogadores, desde o primeiro minuto da partida. Um esforço brutal. Depois, teve de enfrentar o São Paulo na decisão da Série A. Foi campeã nos dois jogos, mas saiu esgotado. Aí empreendeu longa viagem para o Catar. 

Eliminação 

Não foi surpresa, então, a eliminação do Botafogo pelo Pachuca do México. O time mexicano estava descansado, tranquilo. Acompanhou todo o desgaste do time botafoguense. O Botafogo optou por poupar os titulares que estavam no limite. Quando os utilizou, não deu para reverter a situação. A gaiatice venceu. 

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