No tempo da arbitragem sem VAR

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Bissoli teve gol anulado após intervenção do VAR.
Foto: Israel Simonton/Ceará SC

Está insuportável ver as absurdas decisões tomadas pelos senhores do VAR (Vídeo Assistant Referee). Há um árbitro de vídeo e três auxiliares. São 12 olhos atentos. Há câmeras em ângulos privilegiados. Repetição dos lances quantas vezes forem necessárias. E essa gente ainda erra feio em determinadas ocasiões. Nos outros esportes, os meios eletrônicos resolvem rápido. Assim no vôlei. Assim no automobilismo. Assim no tênis. Por aí. 

Já no futebol é uma agonia. É inaceitável o que os componentes do VAR fizeram com o Ceará em Campinas. Mandaram invalidar um gol legítimo. Cegos não são. Incompetentes, sim. Bom era no tempo da arbitragem sem VAR. Árbitros fantásticos que tinham de decidir no “olhômetro”, em fração de segundos, lances capitais. Na maioria das vezes acertavam, mesmo sem direito a repetições. Vou citar alguns que a minha já falha memória cuidou de guardar: Raimundo da Cunha Rola (popular Rolinha), José Tosta, Alzir Brilhante, Vicente Trajano, Louralber Monteiro, Leandro Serpa, Joaquim Gregório, Luís Vieira Vilanova, Ricardo Bonadies, Dacildo Mourão, dentre outros. Não foram perfeitos. Erraram. Mas jamais cometeram os absurdos ora cometidos pelo VAR. 

Acerto 

Eu tenho certeza de que os árbitros citados no comentário e outros contemporâneos deles cujos nomes não lembro agora, jamais teriam cometido alguns erros que cometeram, caso tivessem tido a oportunidade de rever os lances. Não entendo: os de hoje, com todo o aparato tecnológico, deixam dúvidas no ar. Inacreditável. 

Precisão 

Não raro, ficam dúvidas quando o assunto é impedimento detectado pelo VAR. Passam umas linhas. Depois de muito tempo decidem se foi ou não impedimento. Conheci duas auxiliares de arbitragem que não tinham o recurso do VAR, mas davam conta do recado com a precisão de um computador: Dayse Toscano e Carolina Romanholi. Duas excelentes profissionais. Já não estão em atividade. 

Lição 

Uma vez perguntei à auxiliar Carolina Romanholi como era possível marcar a saída da bola e, ao mesmo tempo, conferir a posição do atacante, isso para definir um impedimento. Ela me explicou que, na verdade, o auxiliar olha para a posição dos atacantes. Não é preciso olhar a saída da bola, pois essa saída é detectada pelo ouvido, quando o pé do jogador bate na bola. Válido macete. 

Situação horrível 

Os jogadores, máxime os da defesa, andam apavorados com medo de cometer pênalti pelo toque da bola na mão, que agora é o braço completo. Eles, quando na área, colocam os dois braços para trás. Resultado: isso favorece os atacantes. Os braços para trás tiram o equilíbrio e deixam os jogadores menos velozes. Os atacantes, com os braços livres, têm mais mobilidade. 

Conclusão 

Como é impossível voltar ao tempo dos árbitros e auxiliares sem VAR, o jeito é conviver com o VAR e outras inovações que virão por aí. Mas aceitar tudo sem questionar é um erro imperdoável. Já é tempo de a “mão” voltar a ser apenas “mão” e não “mão, antebraço e braço” como uma coisa só. Tempo de voltar também a valer a intenção. Absurdo é calar diante de tantas aberrações.



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