Minha última coluna impressa

É com imensa saudade, mas com o olhar voltado para o futuro, que hoje me despeço dos leitores do Diário do Nordeste impresso. Como a coluna não sai dia de domingo, aqui está a derradeira edição no papel. Há em mim o natural sentimento de quem vive as mudanças trazidas pelos novos tempos. No meu coração ficam guardadas as lembranças mais caras de três décadas. Em 1991, quando cheguei, ainda eram as máquinas de escrever simples. Depois as elétricas. Anos mais tarde, houve a aquisição dos computadores e das rotativas de última geração. O jornal impresso no auge: liderança absoluta e credibilidade. A tecnologia trouxe o digital. E, com ele, as novas plataformas e desafios. O mundo mudou. O impresso chegou ao fim. O saudosismo e a tradição ficarão eternizados nos exemplares conservados nos arquivos imortais. E, nos arquivos da alma, a presença de tantos companheiros que, com dedicação e competência, edificaram a grandeza da obra idealizada pelo genial fundador Edson Queiroz. O Diário impresso cumpriu sua missão. Sai de cena. Mas transfere ao Diário Digital o legado de decência e compromisso com a verdade. Muda apenas o meio: a credibilidade continua. 

Sentimento 

É natural que os mais velhos sintam falta do tocar no papel, do cheiro da tinta e da cor. Sintam falta do jornaleiro. Sintam falta da exposição nas bancas de revista. Sintam falta do hábito matinal de receber o mundo nas próprias mãos. Claro que dói perceber que tudo isso acabou. 

Transformação 

Prefiro entender que não acabou: transformou-se. Avançou para o que há de mais moderno nos sistemas de comunicação do mundo. O Diário do Nordeste permanece vivo, mais intenso, mais ágil, na sua casa, no seu celular, no seu computador. Instantâneo em Tóquio, Paris, Rio, Moscou... 

Futuro 

Algum dia, por certo, as vindouras gerações olharão para o passado. E descobrirão, ansiosas, o esforço que se fez ao tempo do jornal impresso. Compreenderão a importância que teve para a sociedade. E concluirão que não foi em vão o trabalho feito até agora. A história fica. É eterna. 

Pílulas 

Quero dividir com todos os companheiros com quem trabalhei no impresso o abraço fraterno deste momento pleno de saudade. Foram décadas felizes, de inesquecíveis lutas pela informação qualificada. Agora sigo no Diário Digital com o mesmo ardor e entusiasmo dos primeiros tempos.