Inédita decisão que vale um hexa

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Fortaleza e Ceará fizeram o jogo da cautela no 1º jogo da final do Estadual
Foto: THIAGO GADELHA

Quem ficará com quem? Tudo começou em janeiro. Fase de grupos. Quartas de final. Semifinal. Final. Novamente os dois. Velhos conhecidos. Mais de um século de disputa. E mesmo com tanto tempo, sempre uma novidade. O clássico-rei não envelhece. Não entra em desuso. Renova-se a cada ano. Passou por tantos cenários. No Campo do Prado, no PV, no Castelão, no Junco. E sempre a impossibilidade de prever alguma coisa. O clássico-rei guarda segredos que somente são revelados no transcorrer de cada disputa. Tem sido assim desde os primórdios.

Como estará Yago Pikachu? Como estará Raí Ramos? Como estará Richard? Como estará João Ricardo? Há dias em que a pessoa já levanta tropeçando. Há dias em que já começa com a sorte grande. Ceará e Fortaleza entram como dois gigantes. Tem um hexa em jogo. Nunca houve algo igual. Não arrisco palpite levado por premonição. O clássico-rei costuma fazer heróis improváveis: de quem menos se espera, vem a definição. Mas também produz vilões que jamais serão esquecidos. Se a decisão for para os pênaltis, aí o risco de ser herói ou vilão aumentará substancialmente. Bater pênalti, em circunstâncias assim, vira uma tortura. Queira Deus assim não seja este capítulo final. 

Goleada 

Não lembro ter havido goleada em alguma decisão do Campeonato Cearense. Se houve, não sei. Entendo como goleada uma diferença de três gols. Os mais exigentes entendem que somente a diferença a partir de quatro gols caracteriza uma goleada. É o critério de avaliação de cada um. Para mim, a diferença de três gols já é uma goleada, sim. 

Retorno 

Guilherme Castilho, que ficou fora do jogo de ida, está pronto para voltar. Ele subiu de produção nos jogos recentes. Pareceu mais à vontade e passou a impressão de que encontrou o seu espaço. É notório quando o atleta cresce na produção coletiva. Está aí uma grande oportunidade para Castilho retribuir à altura a confiança que nele o Ceará depositou.  

Retorno II 

Tinga faz história. Ele tem sido fundamental nas grandes decisões. A rigor, o Fortaleza com Tinga em forma é um. Sem ele, é outro time bem diferente. Não raro, pergunto qual é a posição dele. Ala, volante, meio-campista, atacante? Tinga pode ser tudo e mais alguma coisa. Só não o vi na posição de goleiro. É um nome forte do Fortaleza na decisão. 

Saudosismo 

Hoje, sinto falta da disputa entre ídolos do Ceará e do Fortaleza. Há muitos anos não vejo o que presenciei na década de 1960, quando o Ceará tinha Gildo e o Fortaleza tinha Croinha. Muita gente ia ao estádio apenas para ver os gols que certamente esses ídolos marcariam. A presença deles era um apelo a mais na composição do clássico-rei. 

Até na defesa 

A rivalidade não ficava apenas entre os atacantes. Também, na década de 1960, havia dois zagueiros que igualmente representavam um apelo a mais para o grande público: Alexandre Nepomuceno (Filé de Jia) no Ceará e Zé Paulo (Touro do seu Tobias) no Fortaleza. Ídolos que marcaram época e fizeram as glórias do clássico-rei.  



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