Futebol de todos os santos

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Legenda: Leia a coluna desta sexta-feira.
Foto: São Paulo/Divulgação

Dei uma geral para ver como estão os certames nos outros estados. Achei muito interessante o abençoado Campeonato Paulista. Lá estão São Bento, Santo André, São Bernardo, Água Santa, Santos e São Paulo. Nas divisões inferiores, estão São Carlos, São Vicente, São José. Há times para todas as devoções. Não creio que haja outro campeonato com tanta santidade.

No Rio de Janeiro, tem o São Cristóvão, embora este não dispute a Série A. Em Recife, tem o Santa Cruz. No Amazonas, tem o São Raimundo. Na Argentina, tem o San Lorenzo de Almagro. No futebol cearense, tem o time São Benedito, da cidade do mesmo nome.Quanto à qualidade do produto, ainda há muito o que ser feito. Começo de ano é assim mesmo. Depois, os ajustes dão aos times a automação.

O Fortaleza fez seis pontos em dois jogos, mas foi o time grande que mais economizou gols. O Ceará fez cinco gols em um jogo. O Ferroviário fez quatro gols em um jogo. No fim de semana, começa a Copa do Nordeste. Cada torcedor cuide de fazer a parte que lhe cabe. Alguns misturam fé e futebol. Rezam, ajoelham-se, fazem promessas. Não creio que os santos interfiram no futebol. Cada um no seu altar. É a vida. 

Passou 

Fico meio espantado quando vejo que Pelé e Roberto Dinamite não existem mais. São saudade. A rapidez desta passagem pela terra me faz refletir muito sobre a importância da vida. As glórias são efêmeras. Maradona morreu aos 60 anos de idade. Cruyff morreu aos 68 anos de idade. Dinamite morreu aos 68 anos de idade. Atletas que desfilaram saúde pelos gramados do mundo. 

Palestra 

A propósito da transitoriedade da vida, jamais esqueci uma palestra dada pelo famoso Padre Arquimedes Bruno, notável orador, aos alunos da minha turma no Liceu do Ceará. Foi em 1961 se não me falha a memória. Falou sobre a vida no plano superior. O verdadeiro significado do Céu. Enfim, a crença numa vida após a morte. 

Dúvida 

Na turma havia um aluno muito brincalhão chamado Gutemberg. Nunca mais o vi. Não sei se ainda vive. Ao término da palestra, que durou uns 40 minutos, Gutemberg perguntou ao Padre Arquimedes se ele tinha certeza da existência do Céu ou da vida após a morte num lugar qualquer, pois ele, Gutemberg, não estava convencido, mesmo após a longa exposição feita pelo padre. 

Fazer o bem 

Diante da inesperada indagação feita pelo aluno, o Padre Arquimedes respondeu: “Gutemberg, eu não tenho dúvida sobre o que expus. Meu conselho a você é simples. Mesmo que você não acredite no que eu disse, faça o bem, pratique o bem. Assim, se o Céu existir, você garantirá sua vaga lá. Se não existir, você dignificou sua existência aqui mesmo.” O padre foi muito aplaudido na ocasião. 

Coisas que ficam 

Passados tantos anos, ao lembrar dos ídolos que já morreram, logo me veio viva a palestra do Padre Arquimedes. Segundo o saudoso jornalista Blanchard Girão, o Padre Arquimedes foi o maior orador sacro do Ceará e um dos mais brilhantes do país. Na época da revolução (1964), o Padre Arquimedes exilou-se na França. Deixou o sacerdócio. Casou com uma francesa. Morreu em 2002 aos 91 anos de idade.



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