Dolorosa carência de craques no futebol cearense
Leia a Coluna desta sexta-feira (15)
Neste sábado, a Série A nacional terá dois jogos importantes, envolvendo os times cearenses: no Maracanã, Fluminense x Fortaleza; no Castelão, Ceará x Bragantino. Ambos começam às 16 horas. Um olho no gato, outro no peixe. Não gosto de jogos paralelos porque impossibilita a concentração.
Ando meio sisudo pela ausência de craques no nosso futebol. Há bons jogadores. Há bons times. Alguns se destacam um pouco mais. Mas o que faz a diferença está em falta. E, certamente por isso mesmo, muito torcedor mais exigente tem deixado de ir aos estádios.
Faz tempo que não vejo um talento como o de Clodoaldo, o Baixinho bom de bola, craque por excelência, forjada nos campinhos de várzea do Ipu. Aprimorado no Fortaleza, ele deu show de bola pelos gramados do país. Depois dele, não vi mais um jogador de tanto afeto e intimidade com a bola.
Vou acompanhar os dois jogos. Naturalmente, por ser cearense da gema, torcerei pelas vitórias de alvinegros e tricolores, mas sentirei muito a carência do que mais gosto de ver nos campos de futebol: o craque que faz a diferença.
Urbanização
Qual o fator que tem inibido o surgimento de craques no futebol cearense? Suponho que a urbanização da cidade. No lugar dos campinhos antes existentes, agora são os condomínios que, na área de lazer, têm suas quadras. Mas nunca vi um craque nascer nessas quadras. Já os campinhos eram celeiros. Aí está a diferença.
Campos
Na Gentilândia, os campinhos sumiram. E, com esse sumiço, desapareceram os craques. Agora são prédios altos, cheios de requinte. Há muitos bares e restaurantes. Os campinhos, forjadores de craques, não existem mais. Perderam espaço para o progresso. E assim acontece em quase toda a cidade de Fortaleza.
Areninhas
Para substituir os campinhos de futebol, foram criadas as areninhas. Bom projeto social, que educa, congrega e inibe a violência. São boas para as práticas esportivas. Pisos bons, geralmente de gramados sintéticos, ótimos pra se jogar futebol. Mas, não sei por qual razão, não produzem craques como os campinhos de areia produziam.
Dezenas
Talvez as irregularidades dos campinhos de areia, com alguns tocos pelo meio, tenham levado a um aprendizado de domínio de bola diferente de tudo o que havia no mundo. Nestes campinhos improvisados, nasceram os craques. Coincidência ou não, com o fim dos campinhos de areia, escassearam os craques.
Conclusão
Aprimoraram os cenários. Os clubes têm seus centros de treinamentos com o que há de mais moderno no mundo. Profissionais de alto gabarito na preparação de jovens. Aqui, ali, uma revelação. Mas, craque mesmo, está difícil. Vamos voltar aos campinhos de areia? Talvez assim o Brasil volte a ser novamente campeão do mundo.