Dívidas e embaraços alvinegros

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Sede do Ceará, em Porangabuçu
Foto: José Leomar

O Ceará foi referência na pontualidade de suas obrigações financeiras. Houve também muita comemoração quando, há alguns anos, o time zerou suas dívidas trabalhistas. A saúde do cofre é fundamental em todos os segmentos, embora haja setores que lidam melhor com as formas de abafar seus problemas. No futebol, isso se torna mais difícil porque logo os efeitos negativos têm reflexos em campo. Nenhum time entra por acaso numa descendente. Dentre os motivos, um dos principais é o desarranjo pecuniário.

Não falo em valores da dívida do Ceará para com a Receita Federal porque há controvérsias. Há também os que alegam que a dívida já faz parte do orçamento do clube, visando à amortização gradual. Portanto, um expediente contábil legal. A verdade é que a dívida existe. A meu juízo, torna-se pertinente um esclarecimento minucioso sobre como tal dívida se originou e o motivo pelo qual chegou a patamares mais elevados. É bom frisar que o Ceará, quando esteve na Série A, na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana, alcançou faturamento bastante expressivo. Conclusão: coincidência ou não, o declínio do Ceará veio junto com as primeiras notícias de contratempos financeiros há algum tempo.  

Questão 

Se a dívida existe já há bastante tempo, por que somente agora veio à tona? Ainda será rescaldo das disputas internas do clube alvinegro? Se for, resta provado que a pacificação interna do Ceará não foi alcançada. Se for, os interesses pessoais estão sendo colocados acima dos interesses do clube. Os bastidores fervilham e nem sempre predomina o jogo da lealdade. 

É comum 

Na história do futebol brasileiro, é muito comum time de futebol ter dívidas as mais diversas. Mas, de certa época para cá, há uma luta no sentido de dar aos clubes um status de empresa responsável e cumpridora de suas obrigações financeiras. Alguns até já adoram a SAF como modelo ideal, embora não haja consenso em torno do assunto. 

 Consequências 

Uma coisa está provada e comprovada no futebol: time endividado geralmente entra em crise e termina rebaixado. Exemplos mais recentes: o Cruzeiro de Belo Horizonte e o Vasco da Gama. Entraram em crise. Foram rebaixados. Penaram na Série B. Finalmente, após adotarem o modelo Sociedade Anônima do Futebol, conseguiram equilíbrio financeiro e voltaram à Série A. 

Sem dívidas 

Há também os clubes que, embora com as suas contas todas em dia, resolveram também adotar o modelo SAF por entenderem que é o melhor caminho. Deixam de ser associação civil sem fins lucrativos, passando a ser empresa sob regime especial, máxime com relação à tributação. O assunto ainda tem sido alvo de muita polêmica no âmbito do futebol. 

Conclusão 

O ano de 2024 começa de forma delicada para o Ceará. O time não teve uma estreia como esperado. E, logo depois, veio a denúncia de problemas financeiros. Há necessidade de muita calma para o Vozão promover a devida separação entre o joio e o trigo. Não pode permanecer nenhuma dúvida no ar. O tempo é de transparência, principalmente nos assuntos financeiros. 



Assuntos Relacionados