As nuances admiráveis do futebol
Leia a coluna de Tom Barros
A defesa do Ceará tem sido alvo de muitos elogios. Realmente, é a quinta menos vazada da Série A nacional, atrás apenas dos quatro times do G-4: Palmeiras (21), Flamengo (13), Cruzeiro (20) e Botafogo (23). O Ceará sofreu 24 gols em 26 partidas. É mesmo bem compacta.
O ataque do Ceará marcou 26 gols em 26 partidas. Detalhe: na goleada aplicada no Santos, além do placar elevado (3 x 0), o Vozão mandou três bolas na trave. Tem mais: no jogo anterior, na derrota (1 x 0) para o Vitória no Barradão, o Ceará teve quatro chances claras de gol. Criou oportunidades.
O incômodo é ver o atacante Pedro Raul visivelmente constrangido pelo jejum. É natural que tal incômodo aconteça. Mas, se ele souber dosar a ansiedade, voltará a marcar. Raul está perdendo gols para a afobação. Calma! Respira fundo. Sossega o coração. Os seus gols voltarão.
O treinador Léo Condé tem extraído o máximo do elenco. É notório quando o treinador tem o time na mão. Léo Condé tem. É possível que a produção ofensiva melhore ainda mais. Os sinais são positivos.
Inspiração divina
Mancuso merece uma menção especial. O gol que ele fez no Juventude vai muito além da simples colocação da bola nas redes adversárias. É produto da inspiração divina. Algo transcendental o conduziu entre seus marcadores. Parecia invisível, intocável, aos olhos de todos.
Passagem
Mancuso vestiu uma espécie de manto iluminado. E foi passando de passagem. Seu raio de luz hipnotizou os que dele se aproximaram. Os dribles, em toques rápidos, lembraram os geniais momentos de craques consagrados. E a elevação foi concretizada com a perfeita finalização, o gol.
Diferença
São momentos assim, como o protagonizado por Mancuso, que sublimam uma atuação. Uma força indizível, capaz de transformar o marasmo em ação, a derrota em vitória, a desdita em felicidade. Então o Leão saiu da letargia para uma virada espetacular.
Exagero
Poderão dizer que estou exagerando. Tudo bem. Pode ser. Mas escrevo com base no que estava vendo antes do gol de Mancuso, ou seja, um Fortaleza aparvalhado, sem cor, sem força, sem rumo, descendo o despenhadeiro que leva à eliminação. De repente, a esperança.
Cenário
As condições eram todas desfavoráveis ao Leão do Pici. O primeiro tempo do Fortaleza tinha sido uma lástima. E o segundo parecia uma continuidade do primeiro. Eis que, do nada, ergue-se a magia de um improvável condutor. Seu gesto contagia, desperta, aclara. Aponta o caminho. A virada acontece. É o fascínio do futebol.