As mulheres nas transmissões de futebol masculino

Confira a coluna desta terça-feira (20)

Legenda: Patrícia Castro é a quarta convidada do Elas no Esporte.
Foto: Divulgação

Comecei a minha vida profissional em 1965, na Rádio Uirapuru. Na época, era impossível pensar na presença feminina nas transmissões de futebol ou na apresentação de programas esportivos. Em 1969, já na Rádio Dragão do Mar, tive a oportunidade de trabalhar com a primeira mulher que fez reportagens de futebol nos estádios. O nome dela: Vilma Maria. Narrei jogos nos quais ele fez ótimas entrevistas nos vestiários. Era assim que funcionava. Vilma Maria trabalhou muitos anos na TV Educativa, hoje TV Ceará. Ela morreu há alguns anos.

Depois, veio a Marilena Lima, que se destacou também na TV Verdes Mares. Gradualmente, o espaço foi sendo ocupado por outras profissionais talentosas que vieram depois. Em 2008, creio, recebi no Debate Bola, da TV Diário, a Ana Cláudia Andrade e, posteriormente, a Denise Santiago, que seguem brilhando. Outras tiveram passagens efêmeras e não seguiram no segmento esportivo. No programa “Elas no Esporte”, a narradora da FCFTV, Patrícia Castro, conta o desafio que teve ao decidir abraçar uma profissão até então exercida apenas por homens. As mulheres estão avançando e mostrando trabalho de elevada qualificação. Isso é muito bom. Amplia o leque das opções. 

 

Resistência 

 

Romper a barreira do preconceito não foi fácil para as mulheres que resolveram encarar a profissão de narradoras de futebol. Afinal, desde 1931, os homens tomaram conta desse tipo de trabalho. A primeira transmissão completa de um jogo de futebol no Brasil aconteceu no “Campo Chácara da Floresta”, em São Paulo. Nicolau Tuma narrou o jogo entre as seleções de São Paulo e do Paraná. 

 

Famosos 

 

Depois de Nicolau Tuma, vieram os notáveis narradores nas transmissões pelo rádio, pois ainda não havia televisão no Brasil. Gente famosa como Gagliano Neto (narrou a Copa de 1938), Oduvaldo Cozzi, Jorge Cury, Ari Barroso, Edson Leite, Pedro Luís, Doalcey Camargo, Fiori Gigliotti, Haroldo Fernandes, Valdir Amaral e José Silvério. Depois sucedidos por José Carlos Araújo e Osmar Santos... 

 

Rádio e TV 

 

Observem que até aqui citei apenas as transmissões pelo rádio. Nas transmissões pela televisão, que vieram vários anos depois, também houve predominância masculina. Na década de 1970, brilharam Geraldo José de Almeida, Walter Abrahão, Oduvaldo Cozzi e Fernando Solera. Foram sucedidos por Luciano do Valle, Galvão Bueno, Sílvio Luiz... 

 

Força 

Fiz um relato da predominância masculina, que durou várias décadas, exatamente para valorizar ainda mais a ousadia, competência e determinação que as mulheres tiveram na luta para romper as terríveis resistências que lhes foram impostas. Elas estão se estabelecendo, embora ainda encontrem muitos percalços. 

 

Poucas 

 

Chamo a atenção para um detalhe: tenho visto muitas mulheres narrando futebol pela televisão. Não tenho escutado mulheres narrando pelo rádio. O número deve ser muito reduzido. A Rádio Inconfidência de Belo Horizonte foi a primeira emissora que lançou uma mulher narrando futebol: Isabelly Moraes. Deu certo. Está na hora de uma maior investida. 



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