Um dia a casa cai
Faltam apenas 12 dias para o início do Campeonato Cearense. Contagem regressiva. Uma expectativa especial: será que desta vez uma equipe do interior finalmente ganhará em campo o título estadual? Há quem não acredite no fim desse tabu. As circunstâncias são claras: as estruturas e condições financeiras de Ceará e Fortaleza são bem superiores aos dos demais concorrentes. Portanto, diferença assim acaba pesando na hora da decisão. Há, porém, um provérbio que diz: um dia a casa cai. Bom, se cairá agora em 2015 não sei, mas tudo é possível. E entendo que não demorará muito acontecer a guinada, máxime para polos de desenvolvimentos como Juazeiro e Sobral. Outro detalhe: Horizonte, na região metropolitana, está realizando criteriosa preparação.
Explicação
Quando digo "ganhar em campo" um título estadual, cuido logo de dar a explicação: há titulo no tapetão, fora de campo. O Icasa foi campeão cearense em 1992, mas numa composição em que a FCF proclamou quatro campeões: Fortaleza, Ceará, Icasa e Tiradentes. Em campo, bola rolando, dos atuais disputantes só Ceará e Fortaleza foram campeões.
Dois campeões
O Estado de São Paulo também melou. Em 1973 Santos e Portuguesa foram proclamados campeões paulistas. Em campo a decisão tinha ido para os pênaltis. O árbitro Armando Marques errou a contagem e encerrou a série, dando o Santos como vencedor, pois este abrira dois gols de diferença. A Federação teve de corrigir o erro e proclamou dois campeões.
O mais antigo campeão
A partir da esquerda: ex-goleiro Milton Luciano Cavalcante Gomes, o mais antigo campeão cearense vivo. Ganhou o título em 1940 pelo Tramways, time extinto no ano seguinte. Ao seu lado, Pedrinho Simões, ex-goleiro campeão cearense pelo Gentilândia em 1956 e vice-campeão da Taça Brasil pelo Fortaleza em 1960. Milton Luciano está muito bem de saúde. Completou 91 anos no ano passado. É coronel reformado do Exército Brasileiro e economista.
Redução
As chances para os times do interior aumentam na medida em que diminue o número de representantes da capital. Nas décadas de 1950 e 1960, a capital tinha na primeira divisão cearense Fortaleza, Ceará, Ferroviário, Nacional, Calouros do Ar, América, Gentilândia e Usina Ceará. Portanto, oito clubes. Hoje apenas dois.
Campeões
Nas décadas de 1950 e 1960, não apenas Ceará, Fortaleza e Ferroviário ganharam os títulos estaduais. Em três oportunidades perderam a competição. Em 1955, o Calouros foi campeão. Em 1956, o Gentilândia ganhou o título. Em 1966 foi a vez do América ser campeão cearense. O América fora também campeão em 1935.
Ídolo maior
Na história do certame cearense, Gildo (foto) é festejado como ídolo maior. Ele mora perto do PV. Em dezembro passado, teve seu nome registrado na Calçada da Fama no Castelão. O recorde de gols num só certame é de Sandro Preigschadt (39gols em 1997). Mas Marciano (ex-Leão e ex-Ceará) detém o recorde geral de todos os campeonatos: 98 gols.
A descida. Da década de 1950 para cá, quatro times que já conquistaram em campo o título de campeão cearense não mais pertencem à primeira divisão. O Gentilândia (campeão de 1956) foi extinto. O Calouros do Ar (campeão de 1955) e o América (campeão de 1935 e campeão de 1966) estão penando nas divisões inferiores. O Ferroviário (campeão de 1945, 1950, 1952, 1968, 1970, 1979, 1988, 1994 e 1995) caiu para a segunda divisão em 2014. Portanto, mais chances para os times do interior.