A agressão praticada pelo preparador físico, Pablo Fernández, que deu um soco no rosto o atacante Pedro, do Flamengo, requer uma reflexão intensa. Mostra o assédio moral que pode acontecer nos bastidores dos clubes. Pedro diz que vinha passando por insuportável pressão psicológica. O agressor já havia se envolvido em atos de violência na França. Agrediu um torcedor. Já se vê que Pablo é um desequilibrado, sem condições de um convívio respeitoso. Na relação de trabalho no futebol é muito comum haver entraves, principalmente envolvendo treinadores mandões, que se acham. Há jogadores que são escanteados publicamente.
Mas há fatos nos quais o jogador é descartado de forma desumana, cruel, sem que tal situação venha a público. Pedro se queixou de que a pressão psicológica estava insuportável. Será que a comissão técnica não sabia disso? Será que o técnico Jorge Sampaoli não tinha percebido o clima ruim entre o preparador físico e o jogador? A verdade é que o caso é muito grave. Pode ser que, a partir de agora, haja mais vigilância nessa parte. Muitas vezes o jogador cai de produção sem uma causa aparente. Fora dos gramados há muitos espinhos.
Incompetência
A diretoria do Flamengo, na minha avaliação, errou ao manter o técnico Jorge Sampaoli e os demais membros da comissão técnica. É sinônimo de incompetência um líder não perceber o desgaste imposto por um preparador físico truculento. Para a situação explodir como explodiu, restou patente que o ambiente já vinha deteriorado há bastante tempo.
Nota fraca
A posição de Sampaoli diante de um fato tão grave foi tênue, fraca. Ele tinha que ter reprovado de forma contundente a postura agressiva de seu compatriota. Apenas disse que não dormiu, pensando como iria ajudar o Pedro e o Pablo Fernández. Disse mais que não acredita que a violência seja solução para qualquer coisa. Certo. Mas, a meu juízo, faltou contundência na reprovação.
Arrogância
Vejam bem: o profissional é acolhido com toda atenção em outro país, que lhe oferece emprego e apoio. No lugar de buscar a harmonia como padrão de convivência no país que o recebeu, passa a destratar os companheiros, praticando assédio moral. É muita arrogância. E Sampaoli foi muito benevolente na manifestação que emitiu.
Cuidado
Digo repetidas vezes que toda contratação é uma operação de risco. Não apenas de jogadores, mas também de treinadores e suas comissões técnicas. É preciso ter muito cuidado, máxime na avaliação do caráter dessa gente. O conhecimento profissional é importante, mas acima do saber está a índole. Está aí no que deu a contratação do desequilibrado Pablo Fernández.
Conclusão
A diretoria dos times de futebol precisa monitorar de perto o que acontece no relacionamento entre os atletas e a comissão técnica. Como fazem hoje as grandes empresas, os clubes também têm de criar mecanismos para evitar o assédio moral. Há muito treinador que se acha acima do bem e do mal. E se julgam verdadeiros deuses. Não é por aí.
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