A traumática mudança de treinador

Leia a coluna de Tom Barros

Escrito por
Tom Barros producaodiario@svm.com.br
Legenda: Fachada da sede do Fortaleza.
Foto: Mateus Lotif / Fortaleza EC

Um dos piores momentos, que uma equipe de futebol pode viver, é o que a obriga a demitir ou a contratar um treinador. A situação se torna mais delicada quando isso acontece no transcorrer do campeonato. E ainda mais complicada se na reta final, quando o time está na zona de rebaixamento. 

É o caso do Fortaleza no momento. Vai para o terceiro treinador no ano. Prova inequívoca de que a sua diretoria se mostra vacilante, insegura, incapaz de detectar o ponto principal da crise estabelecida. E assim desemboca no que há de mais comum no futebol: a mudança de treinador. 

O novo treinador chega. Pega o bonde andando. Tem de fazer mudanças e encontrar soluções emergenciais. Herda do antecessor as cobranças e pressões que já vinham do primeiro treinador, o Vojvoda. Um somatório de insatisfações que passam de um técnico para outro, caso o novo não acerte de imediato o time. 

Há treinador especialista em neutralizar crises agudas. É o que dá logo uma sacudida e agrada. Mas, se os resultados seguintes não forem bons, o novo técnico entra também na corda bamba. Haja instabilidade. 

Especialistas 

César Morais foi um treinador cearense, especialista em tirar de crises agudas os times de futebol. O apelido dele era “Guri”. César foi jogador de futebol. Conhecia a mumunhas dos bastidores. Seu slogan era: “Se o seu time está na UTI, é só chamar o Guri”.  

Outro 

O técnico Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, conhecido como Lisca Doido, é outro especialista em tirar de crises agudas os times de futebol. Fez isso no Ceará em duas oportunidades. Treinador de impacto imediato. Chega. Incendeia. E dá certo. Treinador de temperamento forte. 

Dúvida 

Creio que o novo treinador do Fortaleza terá de aplicar um modelo moderado. Não tão sereno como um Vicente Feola, bonachão e amigo dos jogadores, nem explosão à moda Lisca. Seria ideal um meio-termo. Mas, a rigor, a necessidade o obrigará a encontrar a solução ideal. 
 
Experiência 

O Ceará passou por momento delicado em 2023, quando contratou quatro treinadores: Gustavo Morínigo, Vagner Mancini, Eduardo Barroca, Guto Ferreira.  Somente encontrou uma solução em 2024, quando alcançou os resultados satisfatórios com Léo Condé, que continua no cargo até hoje.  

Conclusão  

Está provado que a mudança de treinador por curtos períodos demonstra instabilidade perigosa. Observem um detalhe: geralmente, a permanência de um treinador por longo período traz melhores resultados. Foi assim com Rogério Ceni e assim com Vojvoda no Fortaleza. Fragmentar o comando técnico gera incertezas sempre.

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