O que é ser centroavante do Ceará? É ter o privilégio de vestir a “camisa 9” imortalizada pelo maior ídolo do Ceará em todos os tempos, Gildo Fernandes de Oliveira. Eu tive o privilégio de acompanhar a trajetória de Gildo, desde a sua chegada ao fim de sua carreira. Uma história notável, escrita com títulos e gols inesquecíveis. Gildo é o maior artilheiro da história do clube, com 246 gols. Nos últimos anos, o Ceará vem sofrendo em busca de um atacante que se estabeleça na posição.
Desde que Sérgio Alves encerrou sua carreira, nenhum outro jogador conseguiu marca capaz de rivalizar com os dois ídolos. Mota teve ótima participação. Arthur Cabral, se tivesse permanecido mais tempo em Porangabussu, poderia ter alcançado o status de ídolo. Apesar de positiva presença no comando do ataque do Ceará, foi efêmera a passagem de Arthur. A vacância continua. Victor Gabriel pode ir para a Coreia do Sul. Nícolas segue na briga. Na próxima segunda-feira, Clebão será julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem. Enfim, a médio prazo não há como se encontrar o centroavante que tanto o Ceará procura. De repente, alguém pode surpreender. Quem? Não sei. Às vezes, o destino resolve ungir quem menos você espera.
O grande destaque do Ceará na conquista da Copa do Nordeste em 2020 foi o atacante Clebão. Voltou como herói, tendo marcado gol nos dois jogos finais diante do Bahia. Deu a impressão de que ocuparia de vez a posição de titular. Mas não foi assim que aconteceu. Teve oscilações. Perdeu as graças da torcida. Dependendo do resultado do julgamento, segunda-feira, voltará à luta no Vozão.
O que mais tenho escutado: agora, com Guto Ferreira, o Ceará vai melhorar? Só o tempo dirá. A desconfiança somente será desfeita, se Guto conseguir dotar o alvinegro de um padrão de jogo bem definido. E, claro, se fizer com que rendam mais e melhor alguns jogadores que estão em débito para com o clube. A tarefa não é fácil. Ainda bem que há reforços chegando.
Agora o assunto é SAF (Sociedade Anônima do Futebol). É um modelo clube-empresa que está dando certo em alguns clubes. O Botafogo, com John Textor, e o Cruzeiro, com Ronaldo Nazário, são exemplos positivos. Já no Vasco da Gama a situação não é nada boa. Após ser transformado em SAF, teve no ano passado um prejuízo de R$ 88 milhões. Mas os gestores apostam numa volta por cima.
Há vários modelos de gestão, quando um clube resolve se transformar numa Sociedade Anônima do Futebol. O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, está certo quando abre um debate em torno do assunto, visando a que todos compreendam tecnicamente como o mecanismo funciona. A questão da venda total ou parcial tem de ficar muito clara.
As questões técnicas e jurídicas, quando um clube se transforma em SAF, precisam ficar muito bem esclarecidas, visando a evitar engodos posteriores. Entrar no mundo dos negócios, inclusive com possibilidade de ações na Bolsa de Valores, requer a orientação de especialistas. É uma revolução diante do que se praticou até aqui, ou seja, os clubes como associação civil, sem fins lucrativos.