A pagável dívida alvinegra

Leia a coluna do Tom Barros

Legenda: Sede do Ceará.
Foto: Divulgação/Ceará

O Ceará Sporting Club é grande demais. O Vozão, pela estrutura e pela história, é Série A. Ocasionalmente está na Série B, assim como na Série B já estiveram Corinthians, Internacional-RS, Grêmio, Atlético-MG, Cruzeiro, Vasco da Gama, Botafogo, Fluminense e Palmeiras. O Santos está agora. O Ceará atravessa momento difícil. Entrou numa crise financeira e administrativa que terminou por desaguar no desempenho da equipe em campo, permanecendo o time na segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Mas, segundo pude concluir da exposição feita pelo presidente do clube, João Paulo, há como contornar o problema.

É um duro desafio. Exigirá da diretoria coesão e planejamento rigoroso no trabalho de amortização dos débitos. O Vozão precisa provar que tem condições de cobrir todos os valores decorrentes da atual inadimplência. E que pode seguir normalmente as suas atividades, sem risco de tornar insolúvel a questão. Não há dúvida de que o atual cenário causará arranhões na credibilidade alvinegra. Entretanto, a recuperação da imagem acontecerá gradualmente na medida em que forem sendo amortizadas, quer pelas vias judiciais, quer pelas vias administrativas, as pendências que o clube tem.  

Patrimônio 

O Ceará é um patrimônio do futebol cearense. E tem meios para contornar a dívida existente. O que aí está não é nada diante do que eu, como cronista esportivo, já vi o Vozão passar. Em um passado não tão distante, houve crises tão profundas que ninguém, nem mesmo os chamados grandes cardeais, queria assumir a presidência do clube.  

Marca 

Um time como o Ceará, com 109 anos de existência, jamais sucumbirá por mais severas que sejam as borrascas. O Ceará não tem os alicerces fincados em areia movediça nem tampouco em aterros que cedem. Os alicerces alvinegros estão ficados no sólido terreno da honradez, da dignidade e da decência. O Ceará é uma marca respeitável. Há, sim, como dar a volta por cima. 

Argumento 

Alguns certamente perguntarão com base em que faço afirmação tão segura como a registrada no tópico anterior. Como posso garantir que o Ceará irá honrar seus compromissos? Não tomo por base os cofres. Tomo por base o caráter dos dirigentes do clube. Para mim, até prova em contrário, são cidadãos íntegros e que saberão captar os recursos de que o clube precisa. 

União 

Um fator fundamental no processo de retomada do Ceará, visando a neutralizar o atual momento desfavorável, é a união. Pode ser que eu esteja equivocado, mas ainda não vejo no Ceará a harmonia total entre os dirigentes. Isso não é bom. Há ranços. Barreiras devem ser derrubadas em nome de uma causa maior.  

Pacificação 

Há os alvinegros que querem debelar as chamas. O maior deles é o pacificador Castelinho Camurça. Homem do bem. Homem do diálogo. Se ele não conseguir a união total em Porangabussu, ninguém conseguirá. O sentimento que mais leva times à ruína é o revanchismo. Não quero acreditar que o Ceará seja um “Parque do Cocó” sem bombeiros.  



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