A morte do automobilismo cearense

Vi a inauguração desse autódromo em 1969

Escrito por
Tom Barros tom.barros@svm.com.br
(Atualizado às 14:23)
Legenda: Autódromo Internacional Virgílio Távora sempre recebeu grandes eventos automobilísticos
Foto: Donizetti Castilho

O Autódromo Internacional Virgílio Távora, no Eusébio, foi a leilão recentemente. Houve apenas um interessado, que desistiu. O Governo do Estado, diante da situação, resolveu buscar alternativas para a utilização da área. O caso está sob estudo de especialistas. 

Vi a inauguração desse autódromo em 1969. Na época, fiz, pela Rádio Dragão do Mar, narrações das mais diversificadas provas. Havia dificuldades para a realização das transmissões. Eu e o então piloto Neném Pimentel tivemos de estender quase um quilômetro de fio para realizar as transmissões, que deram certo. 

Houve a efervescência do automobilismo. O autódromo sempre lotado. Lembro quando, em 1970, o jovem piloto Emerson Fittipaldi venceu a prova da Fórmula Ford no Eusébio. Deu um show. Dois anos depois, sagrava-se campeão do mundo de Fórmula-1 no Autódromo de Monza, na Itália. 

Em 2011, 2012 e 2013, fiz, pela TV Diário, ao vivo, narrações das provas do Campeonato Cearense de Automobilismo. Os comentários foram de Robério Lessa, com as reportagens de Denise Santiago. Agora, tudo acabou. 

 

Causas 

 

Tento entender a razão pela qual o automobilismo cearense, que já foi tão pulsante, declinou de vez. A crise econômica gerou uma notória retração. Automobilismo é um esporte caro. Sem provas e sem receita, a manutenção do Autódromo Virgílio Távora também se tornou inviável. 

 

Ideal 

 

Lamento ver o fim de um esporte que já empolgou multidões em Fortaleza. No início da década de 1960, no circuito improvisado em uma pista existente no Pici, os pilotos José Queiroz, Miguel Fernandes, Fernando Ari, João Quevedo, Armando Barbosa Lima, César Figueiredo e Valmira Pontes, dentre outros, deram realidade aos seus sonhos. 

 

Risco 

 

Assisti a várias provas no Pici. Havia um risco muito grande. O público ficava muito próximo. Não havia “guard rail”. Enfim, uma estrutura precária. Por isso mesmo, houve a iniciativa para a construção do Autódromo Virgílio Távora, inaugurado em 1969. Teve seus momentos de esplendor. 

 

Amizades 

 

No Autódromo Virgílio Távora, na década de 1970, tive contato e fiz amizade com grandes pilotos. Além de Neném Pimentel, conheci Roberto Fiúza Júnior, Aloísio de Castro, Haroldo Peixoto, que lamentavelmente morreu em um acidente na curva do desespero, quando de um treino,um dia antes da corrida. Foi muito triste. 

 

Entusiasta 

 

Lamento, mais uma vez, ver o fim do automobilismo cearense. O fim de tantos sonhos, de tantos ideais, de tantas emoções. E dedico esta coluna ao maior entusiasta desse esporte: o saudoso engenheiro e piloto Pedro Virgínio. Se vivo fosse, creio que o automobilismo cearense não teria chegado ao fim.    ; veja relacionados