A milenar força beligerante japonesa
Leia a coluna de Tom Barros
Tudo ia muito bem com a Seleção Brasileira, agora comandada pelo italiano Carlo Ancelotti. A goleada (0 x 5) aplicada na Coreia do Sul, dias antes, deixou a impressão de que o Japão seria apenas mais uma vítima. Tal impressão aumentou, quando o Brasil, em Tóquio, fez 2 a 0.
A reação japonesa estava por vir. O milenar Japão, treinado nas artes marciais; o milenar Japão, que em 1941 ousou destruir a base americana de Pearl Harbor, no Pacífico; o milenar Japão dos samurais; o milenar Japão dos kamikazes; o Japão imprevisível.
Na fase final, a espetacular virada japonesa. Os olhos azuis do Italiano Ancelotti perderam o brilho. Passaram a brilhar os olhinhos puxados dos asiáticos. E o Brasil desabou, aparvalhado, sem entender o que estava acontecendo. Assim, pela primeira vez na história, a Seleção Brasileira principal foi derrotada pelo Japão.
A derrota, por mais paradoxal que pareça, foi benéfica para o Brasil. Evitou o endeusamento que poderia acontecer em caso de uma nova goleada aplicada pela Canarinho.
Realidade
Sob o comando de Ancelotti, a Canarinho conseguiu avanços. Mas faltam testes diante de seleções poderosas como França, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Holanda, Itália. Na próxima “Data Fifa”, apesar de a programação prever jogos em Londres e Paris, os adversários possivelmente serão seleções de médio porte.
Estrago
A verdade é que, em apenas 45 minutos, o Japão trouxe de volta a velha desconfiança na Seleção Brasileira. Carlo Ancelotti terá muito trabalho para recompor o que, em 45 minutos, foi desmanchado pelos nipônicos. Ainda bem que há tempo para as devidas correções.
A vida ensina
O mundo dá muitas voltas. Hoje, o zagueiro Fabrício Bruno está na pior. Errou feio. Foi o responsável pela derrota do Brasil para o Japão. Na entrevista, com lágrimas nos olhos, pediu que as pessoas não sejam covardes com ele, julgando-o pelo que aconteceu. Bem diferente do Fabrício que desmereceu Pedro Raul há algum tempo.
Cabeça quente
No jogo Cruzeiro 1 x 2 Ceará, no Mineirão, Fabrício e Pedro Raul discutiram. Fabrício, num tom arrogante, disparou: “Olha onde você tá. Abaixa a sua bola”. Além de desmerecer o atleta, Fabrício também desrespeitou o Ceará. Declaração muito infeliz. Prefiro acreditar que Fabrício não seja uma pessoa ruim. Foi coisa de cabeça quente.
Oportunidade
Entendo que Fabrício merece outras oportunidades. Não deve mesmo ser julgado pelos dois lances em que errou. Terá tempo para refazer a sua imagem, que ficou bastante desgastada pelos dois episódios: erros na derrota do Brasil e ofensa a Pedro Raul e ao Ceará. Quanto à nova convocação, só o tempo dirá.