A matemática e um último sonho
Leia a Coluna deste sábado (4)
Após a derrota (0 x 2) para o São Paulo, o Fortaleza complicou-se de vez. Nem com um jogador a mais, o Leão foi capaz de somar um pontinho sequer. Haja frustração! O médico e cantor, Chico Lopes, ligou para mim. Disse que jogou a toalha. O jornalista Inácio Aguiar me disse que não acredita mais.
Fui amealhando as opiniões de torcedores sensatos, ou seja, os que falam com sinceridade, sem paixões. Os que se manifestam com base nos números e, principalmente, com base na produção da equipe. Boa parte já se conformou com a possível queda.
Um torcedor me enviou a parte final do soneto “Contraste”, do Padre Antonio Tomás: “Então nós enxergamos, claramente, como a existência é rápida e falaz. E vemos que sucede exatamente o contrário dos tempos de rapaz: os desenganos vão conosco à frente e as esperanças vão ficando atrás”.
A minha experiência não aceita rebaixamento antecipado. Enquanto houver chance matemática, tudo é possível. O futebol, não raro, vira casa dos milagres. Não fecho a conta, enquanto a matemática permitir um último sonho.
Provável
Estou vendo o processo de desmontagem do Fortaleza. Não sou um vendedor de ilusões. Realmente é provável que o rebaixamento aconteça. Mas o Leão deve seguir na luta. Desistir, nunca. Somente os fracos se entregam. Haja, pois, a resistência heroica como no Forte de Álamo.
Reviravoltas
O Fortaleza sempre foi protagonista de reviravoltas inacreditáveis. Se for rebaixado, será apenas mais um rebaixamento dentre tantos anteriores. Mas o Leão sobreviveu. Não é possível desacreditar em um time que, em poucos anos, saiu das humilhações da Série C para as glórias da Libertadores.
Caíram
Quase todos os times grandes do futebol brasileiro já caíram para a Série B: Corinthians, Palmeiras, Santos, Fluminense, Vasco, Botafogo, Internacional, Grêmio, Cruzeiro e Atlético-MG. Agora todos estão na Série A. Apenas Flamengo e São Paulo nunca foram rebaixados. Portanto, não é coisa do outro mundo.
Exemplo
O Ceará está fazendo boa campanha na Série A nacional. Soube, com paciência e competência, contornar as dificuldades. Retornou à elite no presente ano. Superou os dois anos de Série B. E tem tudo para continuar entre os 20 melhores do Brasil. O Vozão é um exemplo a ser seguido.
Superação
Ser rebaixado é ruim, mas, repito, não é coisa do outro mundo. A não ser que haja uma sequência interminável de quedas como no caso do Santa Cruz de Recife, que foi da Série A à Série D. Aí é diferente. A queda tem de estancar na Série B, com superação imediata. Se assim não for, vira um inferno.