Às vezes é difícil acreditar que o argentino Juan Pablo Vojvoda tem apenas cinco meses de trabalho à frente do Fortaleza, de tão expressivos que são os resultados, porém, a forma como eles foram convertidos dentro de campo, com desempenho em alto nível. Desde o princípio, com título estadual, passando pela inédita classificação às semifinais da Copa do Brasil, e o principal deles, neste momento, o Campeonato Brasileiro. Uma realidade de G-4.
E quando mencionamos essa qualidade produzida dentro de campo, surgem os protagonistas, o rápido entrosamento. Hoje o Fortaleza utiliza um modelo de jogo com três zagueiros, eficientes e que se complementam. Tinga é o único improvisado, mas tem a liberdade de auxiliar na construção. É uma peça à parte que o torcedor conhece o seu papel. Mas há uma dupla que teve uma rápida capacidade de entrosamento e principalmente, o alto nível conquistado nos fundamentos dentro de campo. Marcelo Benevenuto e Titi, a dupla de origem que fortaleceu a saída com três zagueiros no esquema de Vojvoda.
Não são só números
Para você construir uma base forte dentro do esquema proposto, é necessário que os atletas entendam o conceito. São poucos clubes que conseguem efetivar três atletas construtores e tecnicamente capazes de iniciar as jogadas ofensivas a partir da defesa. Tinga é um atleta que o torcedor já conhece, pela capacidade ofensiva, finalização e principalmente, pelo vigor físico de recomposição.
Benevenuto só tem 25 anos e Titi 33 anos, juventude e experiência que se complementam dentro de campo. Marcelo chegou sobre contestações, pelo extra-campo e a temporada ruim de rebaixamento pelo Botafogo, Titi, estava há seis anos na Europa, retornando ao Brasil. Houve até uma pequena disputa de bastidores com o Ceará, além da demora para se desvincular do time turco e retornar ao Brasil.
O Fortaleza tinha como 'herança', o início das jogadas construídas a partir do Felipe Alves, porém, ganhou reforço com a dupla ao lado de Tinga, isso pelo motivo de Benevenuto e Titi serem zagueiros com uma extrema capacidade técnica de construir, com passes verticais rompendo linhas defensivas adversários e principalmente, auxiliando no poder de recomposição defensiva, são as características "dos sonhos" de qualquer treinador que utilize como prioridade a construção a partir dos seus zagueiros.
Os dois são líderes no quesito passes certos, com média acima de 90%, esse dado, especificamente não representa tanto, que muitas vezes, estes passes são mais lateralizados e com baixo índice de erro. Mas representa o seguinte: o Fortaleza não utiliza de bola longa para iniciar suas jogadas de ataque, elas, predominantemente, precisam passar pelos pés dos dois zagueiros de origem.
Mas falando em construção ofensiva, o Titi é o líder entre os atletas de linha que mais faz lançamentos, passes longos, buscando uma ruptura de marcação do adversário. Outro equilíbrio entre Benevenuto e Titi são as interceptações de jogadas dos rivais, Marcelo tem aproveitamento de 100% e Titi na faixa dos 80%. Titi tem uma assistência para gol e outras sete finalizações, além de ter marcado dois gols. Benevenuto tem três assistências para finalização e marcou quatro gols.
Na mesma proporção de impressão sobre o pouco tempo de trabalho do Vojvoda, vai de encontro a sensação de Titi e Benevenuto, o nível de entrosamento alcançado pelos dois atletas que às vezes se alternam como "dupla" para as investidas e subidas do Tinga, tem um olhar de amadurecimento mais rápido. A dupla não desempenha apenas uma função defensiva eficiente, os ótimos resultados alcançados pelo Fortaleza na temporada de regularidade e desempenho, passa também, pela eficiência dos dois com a bola no pé. Neste contexto, é importante dizer, o poder defensivo começa no ataque, assim como o ataque começa na defesa.