Por identidade ofensiva, por que Lima não é titular do Ceará?

O meia alvinegro é o atleta mais eficiente do setor ofensivo nesta Série A. O que pensa Tiago ao deixar Lima no banco?

Foto: Kid Júnior

Quando Tiago Nunes foi anunciado como treinador do Ceará, os primeiros sintomas de análise eram muito claros e pela seguinte ordem: recuperar atletas individualmente e, por consequência, encontrar um padrão ofensivo para equipe. Naturalmente, algumas mudanças seriam necessárias por peças para buscar novo encaixe no ataque. 

A ideia mais clara e visualizada na estreia diante do Grêmio era conservar os mais experientes e com maior capacidade técnica por uma resposta em campo. Jael, Mendonza, Lima e Vina formaram o setor de ataque, mas proporcionaram a pior partida do alvinegro na Série A, sem dinâmica, entrosamento e envolvimento ao adversário para reparar um dos maiores problemas que o Tiago teria neste momento.

Para os confrontos diante de Santos e Chapecoense, a mudança mais drástica no padrão ofensivo. Conservando Jael e Vina, Tiago abriu mão de ter Mendoza e, entre todos do setor ofensivo, colocou o Lima no banco de reservas, esse o maior questionamento... qual critério utilizado em tirar o atleta? Entre todas as dificuldades em criação, a crise de identidade do ataque e as inconstâncias, Lima foi o que mais conseguiu produzir no setor ofensivo, inclusive, sendo o jogador mais criativo e eficiente diante de tantas ineficiências deste setor.

O que pensa Tiago?

Uma situação é muito clara nas escolhas do treinador e que estão alinhados com seu discurso: Vina é referência, jogador de qualidade que precisa estar em campo diante da circunstância em buscar um novo padrão. Por estar chegando agora, é necessário essa cautela ao abrir mão de alguns atletas na titularidade, ele entende que a capacidade técnica do meia é a maior virtude para acreditar na recuperação individual.

O entendimento por 'dobrar' a velocidade pelas alas, é ter profundidade e entrelinhas com Rick pelo lado direito e a dobradinha entre Kelvyn e Bruno Pacheco pelo lado esquerdo. Entendendo que Kelvyn tem um forte poder de recomposição para fechar o meio-campo ao lado de Fernando Sobral e a surpresa nas escolhas do treinador, o garoto Geovane. Em relação ao Lima, neste primeiro cenário, ele ainda tem dúvidas de onde possa encaixar o Lima. No jogo diante do Santos, ele entrou aberto pelo lado esquerdo. Contra a Chape, centralizado, ocupando a função do Vina.

Por que Lima deve ser titular?

Princípio básico para que o Ceará busca: regularidade. O Lima entregou isso? Não exatamente, muito em virtude do encaixe, mas individualmente foi o jogador mais produtivo deste período do Alvinegro na buscar por melhorar o seu setor ofensivo. Por características, técnicas e táticas, ainda não há uma justificativa tão clara de comportamento e padrão pela escolha do Tiago Nunes.

Lima tem dois gols na Série A, além disso, é o jogador com mais finalizações a gol do time. Já que estamos pontuando o setor ofensivo, é o mais criativo do setor. São 04 assistências para gols. O torcedor tem uma lembrança muito clara do Lima de 2017, caindo mais pelo lado esquerdo e com dinâmica para centralizar as jogadas do Ceará naquele acesso da Série B, além da capacidade de pensar o jogo, também trouxe bom poder de recomposição. Na Série A, por exemplo, Lima é o vice-líder em desarmes do alvinegro, fica somente atrás do Fernando Sobral. Além, do mais, é o terceiro que mais intercepta jogadas do adversário, perdendo no fundamento apenas para Fernando Sobral e Bruno Pacheco.

Os números evidenciam ainda mais a importância de um atleta para equipe, o mais claro que são os gols, os passes e as finalizações e as eficiências "invisíveis", os desarmes, as interceptações e ocupação de setores que Lima evoluiu no aspecto tático para equipe. Então por que abrir mão de um dos atletas mais eficientes nessa dobradinha ataque/defesa?

É verdade que houve oscilação do atleta em campo, talvez a percepção do Tiago tenha ficado do duelo diante do Grêmio, onde, de fato, a produtividade do atleta foi bem abaixo. Mas ele está longe de ser o responsável pelo baixo rendimento de um setor que pouco funcionou dentro do contexto de Série A. Tiago tem seus planos, convicções e é certo que está conhecendo individualmente cada atleta para testar suas formações, mas algo é claro e nem é preciso conhecer, a evolução do futebol e setores como análise de desempenho e fisiologia entendem que, neste cenário, Lima é sim um jogador fundamental para recuperar a identidade do setor ofensivo do Alvinegro.