Por que resolvi desapegar de tanta roupa boa que tinha no meu closet?

Essa é uma daquelas tarefas complicadas para uma filha única que sempre teve tudo só para ela

Legenda: Com coisas materiais é que a iniciativa do desapego era condição indispensável para deixar essas atitudes infantis de acumulação e passar a livrar-me de entraves

Vou confessar para você que, na condição de filha única, fui muito privilegiada. Nada faltou para mim até hoje, especialmente, amor. Em relação a bens materiais, posso até não ter recebido na hora e como gostaria, mas não emburrava por isso.

Compreendia, porém não tirava aquilo da cabeça até conseguir o meu objetivo. O fato é que quando conquistava o que mais queria, não soltava por dar o merecido valor.

Talvez tenha sido por isso que, por muito tempo, tive essa dificuldade para desapegar das coisas e das pessoas, também: porque dou muito valor mesmo a tudo que tenho e que conquisto. Em relação a coisas, quando ganho algo, procuro usar e zelar. Em relação a pessoas, gosto de tê-las perto de mim, sem grudes e com afeto.

Mas o bicho pegou em 2015, quando pedi meu pai. Administrar a saudade daquela pessoa amada, que aí, sim, nem que eu quisesse, não podia mais ter perto de mim, fez-me perceber que, realmente, só preciso ter em vida quem quer mesmo estar comigo. Uma grande lição da companheira saudade e o novo amigo amor-próprio.

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Ora, se com gente preciosa consegui superar essa fase, com coisas materiais é que a iniciativa do desapego era condição indispensável para deixar essas atitudes infantis de acumulação e passar a livrar-me de entraves. Muito prazer, Jeritza adulta.

É claro que quando olhei para as peças de roupas maravilhosas, que dariam, perfeitamente, para usar em várias ocasiões, deixou-me bem balançada. Foi importante encarar o meu closet entupido de tantos outros itens de vestuário esperando para serem usados. O que sentia era apego e não amor. Amar a gente tem que amar gente e não coisas.

A Josy, que mora conosco há 15 anos e é do nosso coração, foi uma figura essencial nesse processo. Foi a pessoa quem me colocou diante do meu closet lotado de roupas e incentivou o enfrentamento. Colocou abaixo minhas roupas, cintos e sapatos num sábado à tarde.

Fizemos o bazar e foi um verdadeiro sucesso!

Fiquei impressionada com a animação das pessoas em adquirirem peças em meu bazar e exercer, com alegria, o reuso das roupas. É uma forma de estar na moda com baixo custo, economizando, cooperando com a economia e fazendo a moda circular!

Recebi tantas mensagens legais dizendo que minhas roupas traziam a minha energia positiva e que levantaram o astral das consumidoras. Olha que legal!

Agregada a essa experiência de dar continuidade aos produtos que estavam esquecidos no meu guarda-roupa ou que não estava mais a fim de usar, surgiu uma ideia para novos projetos que penso em emplacar até o final do ano e, assim, gerar negócios de impacto social para cooperar com um monte de gente que está precisando daquele empurrãozinho.

Juro para você que foi mais uma experiência super válida e repleta de lições.

Estou com aquela sensação de que tenho mais espaço para organizar melhor as minhas coisas, que posso enxergar o que tenho para usar, que superei mais um entrave daquelas manias infantis e que, acima de tudo, pude fazer um bem a quem adquiriu, a Josy e outras pessoas que pude ajudar com singelas doações.

Pois é, gente, nunca é tarde para rever hábitos! Exercitar o desapego é entender que você merece abrir espaço sentir algumas emoções e, também, para deixar chegar coisas e/ou pessoas muito melhores para novos momentos.

Pense nisso!

Dominguemos, Amém!

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.