O sentido de dar a vida

Adriana Queiroz, madrinha voluntária da Casa da Gestante, falou a coluna sobre maternidade e do sonho e compromisso de cuidar das pessoas

Legenda: Adriana Queiroz
Foto: LC Moreira

Quem conhece Adriana Queiroz sabe do quanto essa mulher gosta de ser mãe. Tem três filhos homens de gerações bem distintas: 22, 19 e 7 anos (pode não parecer). Com cada um deles, ela vivencia a maternidade de forma muito presente. Consegue ser firme e amiga dos filhos. Para tudo, recorrem à mãe. É um ofício que faz parte da sua rotina sem peso algum.

Há um tempo Adriana Gomes de Matos Queiroz, 42 anos, não cabia mais em seus 1,55 de altura. Sentia a necessidade de expandir o seu amor latente de mãe e tudo começou em maio de 2021.

Legenda: Adriana Queiroz com a copeira do HGF homenageada na época da pandemia
Foto: Divulgação

“Em maio desse ano, no Dia das Mães, fiz uma ação voluntária para as profissionais de diversos setores do hospital (zeladoria, vigilância e para auxiliares de enfermagem, farmácia, copa e cozinha) que trabalharam, juntamente, com a equipe da linha de frente de enfrentamento contra a COVID ajudando a salvar vidas", conta Adriana Queiroz.

"Na minha opinião, esses profissionais sempre foram de extrema importância para que o hospital pudesse funcionar por completo. Então, resolvi prestar uma homenagem a essas mulheres, que deixavam seus filhos para ir ao trabalho, arriscando suas vidas, agradecendo-lhes por tanta dedicação, doação e amor ao próximo”, explica.

Os caminhos de Adriana estavam sendo traçados ali e tudo foi uma questão se sentir o que já fazia sentido desde criança...“Com isso tive a oportunidade de conhecer o projeto da Casa da Gestante do Hospital Geral de Fortaleza e, enquanto cidadã, entendi o significado social da proposta e o quanto esse significado era significante para as mulheres que iriam passar por aquela casa", conta.

"Sou mãe e sei o quanto é importante a chegada de um filho, pois existem medos e incertezas que fazem parte deste processo. Temos sempre o desejo que nosso bebê chegue bem e com saúde ao mundo. Porém, sei, também, que quando entramos no hospital, existem fatores fundamentais e que fazem toda a diferença. O acolhimento, a atenção, o ambiente e a empatia dos profissionais: tudo isso faz uma diferença enorme, pois pode nos marcar de forma positiva ou negativa. Lembrei-me que, quando criança, tinha um grande sonho dentro de mim: conseguir 'montar' um local onde eu pudesse acolher pessoas, ouvi-las e dar amor. Esse resgate do passado com a proposta do presente fez com que eu abraçasse esse projeto. Era o meu sonho que tinha encontrado o sonho da equipe do HGF!”, detalha.

O primeiro encontro com a Casa...

Legenda: A Casa da Gestante antes das intervenções
Foto: Divulgação

“Visitei a casa no fim de maio, com a equipe do setor de obstetrícia do hospital responsável pelo projeto, além dos diretores: Dr. Daniel Holanda e Dra Judith Caetano (médicos humanos, com o meu mesmo propósito). Saí de lá com a cabeça cheia de ideias, coração acelerado, medos, incertezas, pois sabia que encontraria muitos desafios pelo caminho. No meio a esse turbilhão de pensamentos, tive o grande apoio e incentivo do meu marido, Otávio, que me trouxe calma e tranquilidade para que pudesse realizar o sonho. Fui para a linha de frente da execução do projeto. Contei com a ajuda e o apoio de diversas amigas que fizeram doações e acreditaram que ali era a construção, não só do meu sonho, mas de um espaço de acolhida de mulheres, para receberem amor, cuidado e, acima de tudo, celebrar a vida”.

Um novo lar para Gestantes, Bebês e Puérperas

A casa já recebe gestantes vindas do interior para, em breve, fazer sua internação no HGF, bem como gestantes que, já de alta, precisam aguardar a alta do bebê para retornar a sua casa.

Legenda: Um novo lar para Gestantes, Bebês e Puérperas
Foto: Divulgação

“A casa tem a capacidade para receber 10 mulheres, entre gestantes e puérperas. No caso das gestantes, são aquelas que necessitam de atenção diária da equipe de saúde em regime ambulatorial, devido à dificuldade de deslocamento por residirem no interior do Estado. Já as puérperas são aquelas que, também, necessitam dessa atenção diária, porém não precisam ocupar um leito hospitalar, tendo em vista estar o recém-nascido internado em condições especiais. Os bebês são recebidos na Casa quando estão de alta, mas necessitam, ainda, de cuidados no hospital.”

Legenda: Puérpera recebendo orientações sobre amamentação
Foto: Divulgação

"Enquanto essas mães estão sob os cuidados da Casa, passam por acompanhamentos e orientações relacionados à nova relação entre mãe e bebê”

Uma Casa que leva o nome de quem dava vida a vida

Legenda: Dr. Wagner Gonzaga com Padre Airton
Foto: Divulgação

“Sugeri o nome de um médico obstetra que estivesse ligado a causas sociais, com os mesmos propósitos de todas as pessoas que haviam contribuído, de alguma forma, para a realização daquele sonho. Minha recomendação foi o nome do Dr. Wagner Gonzaga, por ter sido o obstetra de quase 90% das mulheres que fizeram as doações para a casa, bem como vim ao mundo por suas mãos e meus filhos, também. Senti, no meu coração, que estava consagrando e reconhecendo um médico que amava dar vida a vida. Foi muito gratificante poder contribuir com a Casa e, tenho a certeza, que ela é abençoada com o nome de uma pessoa muito humana.”

Sementes do amanhã...

“Gostaria que cada mãe que entrasse na Casa sentisse a felicidade que foi construir cada espaço, que foi plantado, ali, muito amor e que elas levem adiante essa semente de solidariedade, de doação e de amor ao próximo. Cultivem e ensinem aos seus filhos esses valores tão importantes para a vida.”

Propósito de vida

Legenda: Adriana Queiroz e amigas colaboradoras
Foto: Divulgação

“Os planos ainda são muitos! Quando mais dou amor ao próximo, quanto mais escuto, mais quero ajudar. Com toda essa experiencia que tive na realização desse sonho, consegui criar um grupo de amigas da sociedade que, juntas, temos um proposito comum de nos unirmos e fazermos trabalhos voluntários dentro dessas instituições. Vamos exercer o nosso papel de cidadã promovendo a solidariedade, a empatia, participando e possibilitando, assim, o enlace social, o aprendizado coletivo, o crescimento pessoal contribuindo com a humanização.”

Essa é Adriana Queiroz, que reencontrou o seu sonho no caminho, aceitou acompanhá-lo e despertou um sentimento de sororidade entre e para outras mulheres.



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