As diferenças do meu e do seu amor

Legenda: E que vejamos amor no simples, no ordinário do dia a dia
Foto: Pexels

Uma das coisas mais difíceis de lidar numa sociedade, a meu ver, é com a diferença que as pessoas têm umas das outras. Dificílimo. 

Não sei se, para mim, é um pouco mais porque foi necessário muito treinamento para que eu entendesse algumas coisas que não estavam ao alcance do meu olhar. Mas não estavam mesmo. Fui mimada a ser amada em minhas condições. Se não, não seria amor.

Vou dar um exemplo para não ficar muito na demagogia: imagine que eu tinha relacionamentos em que eu achava não ser amada porque não era exatamente do jeito que eu queria. Perfeitamente isso.

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(Vamos deixar claro aqui que não estou falando de relacionamentos que não são saudáveis, nos quais não há nenhum tipo de afeto e demonstração de amor REAL no dia a dia. Ninguém aqui está falando de migalhas e, sim, de amor de verdade, só que exposto de uma forma não necessariamente fiel ao modelo como imaginávamos).

Voltando: a pessoa que eu recém tinha conhecido, com sua própria história, sua própria maneira de ser, teria que, de qualquer maneira, demonstrar amor por mim do jeito que eu gostaria ou do jeito que eu julgasse ideal. 

Ao ler isso, pode parecer absurdo, mas é super comum. Caímos num grande conto em que a forma de amar é uma só. Se você fizer isso ou aquilo, você ama. Se não fizer, é falta de amor.

Brigas e brigas intermináveis porque a pessoa que me amava não comprava uma rosa pra mim. Porém, de vez em quando, essa mesma pessoa saía mais cedo do trabalho para me ver. Ela comprava um chocolate, "mas não se declarava todos os dias". Ela perguntava do meu dia e me ouvia com os ouvidos e os olhos atentos, "mas não fazia muita surpresa".

Nesse vem e vai de insatisfação, esquecia as grandes demonstrações de amor que recebia de diversas formas por estar tão focada em expectativas que criamos. Afinal, queremos ser realmente amados ou queremos ser sommelieres de amor onde só nós sabemos as devidas condições de amar?

Friso aqui que a gente precisa sim receber flores de vez em quando se é o que gostamos, porque nem tudo de um relacionamento gira em torno de uma grande compreensão nossa sobre a forma do outro, mas que, se olharmos para trás – ou para o lado – talvez a gente perceba que há amor de diversas formas, mais do que estamos acostumados a ver e a querer. Ainda bem. Que se expanda. E que o nosso olhar se amplie. E que vejamos amor no simples, no ordinário do dia a dia.

“Amo como ama o amor. Que querer que te diga, além de que te amo, se que quero dizer-te é que te amo?” Fernando Pessoa.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.



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