A vida é uma grande nostalgia

Legenda: Enquanto não posso parar o tempo, tento viver, antes que vire saudade, o tempo, as pessoas
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Essa coluna não é uma coluna alegre hoje. Ela fala de saudade. Semana passada estive no Rio a trabalho. E dentre muitas outras coisas que me serviu essa viagem, me serviu também uma frase que ouvi: “a vida é nostalgia, porque o futuro ainda não chegou e o presente daqui a pouco já é passado. O que se tem, que já teve é o que temos de bagagem até esse presente”.

A vida é uma grande nostalgia mesmo. A saudade de quem a gente amou e foi embora, por exemplo, fica com a gente pra sempre. Todos que perdi me deixaram um buraco. A saudade não passa, é como se a gente conseguisse conviver mas jamais superar.

Sempre que vou na minha mãe e abrem a porta, tento fechar rápido ainda acostumada de ter medo do Peter  – meu cachorrinho que se foi – sair ou fugir. Não me acostumei. Um dia vou parar de fechar a porta mas nunca vou esquecer.

E é como se tivéssemos estrutura o suficiente – ou adquirimos ela – pra ter vários buraquinhos dentro de nós e mesmo assim manter-nos em pé. Mas os buraquinhos ficam representando uma história que não existe mais – ou existe mas agora em forma de nostalgia. A gente acostuma com o presente e a gente nem percebe quando ele vira passado.

Às vezes quero pegar nos cabelos do tempo e dizer: pare. Mas ele não para, ele corre, voa, bem rápido nos oferecendo a nostalgia do que um dia ele nos deu pra viver.

Enquanto não posso parar o tempo, tento viver, antes que vire saudade, o tempo, as pessoas, o momento, o agora, nesse minuto, antes que ele passe e vire simplesmente passado e que a gente tenha aproveitado tanto que, apesar de toda a nostalgia que nos arrodeia, não sejamos, apesar de tudo, essencialmente nostálgicos. Para além de um depósito de saudade que somos internamente, há, ainda muito pela frente.

O resto... é nostalgia. 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora