O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, retornou a Tóquio, sede as Olimpíadas de 2021 pela primeira vez desde março, quando os Jogos foram adiados. Em uma visita de dois dias houve encontros políticos e visitas importantes para avaliação da organização do evento. A comitiva do COI chegou a Tóquio, justamente, quando o Japão parece enfrentar uma nova onda de contaminação pelo novo coronavírus, atingindo o recorde de casos no último sábado (14), com 1.737 registros.
O momento da visita foi estratégico, já que ainda é tempo de tentar conquistar o apoio da população quanto à realização das Olimpíadas. Não é novidade haver discordância de moradores locais sobre uma cidade ser sede dos Jogos. Em outras edições, isso também já foi observado. Mas em um contexto de pandemia, parece ser ainda mais aflorado.
Cenário de incertezas
Por enquanto, entre os japoneses o cenário é de incertezas. Pesquisa feita por uma televisão local aponta que quase 60% dos entrevistados são a favor de um novo adiamento ou cancelamento das Olimpíadas, segundo a agência japonesa de notícias Kyodo News. E durante a programação da comitiva, um pequeno grupo manifestou contra a realização do evento, com cartazes e alto-falantes.
O avanço das pesquisas em busca de uma vacina efetiva para a Covid-19 é acompanhado de perto pelo COI, apesar de a realização das Olimpíadas já ter sido desassociada da imunização pelo próprio presidente.
Bach garantiu que os atletas não serão obrigados a se vacinarem, mas incentivados, podendo o Comitê, inclusive, arcar com alguns custos dessa vacinação. "Incentivaremos os atletas para que, sempre que possível, recebam a vacinação, porque é melhor para sua saúde, e também é uma demonstração de solidariedade com seus colegas atletas e também com o povo japonês", disse o presidente.
Apesar de boas possibilidades de já contarmos com uma vacina até a data dos Jogos, todos esses meses de pandemia têm afetado a preparação dos atletas e as consequências devem vir à tona, principalmente, no que diz respeito ao nível das competições. Estágios diferentes da pandemia em todo o mundo tornam as condições de treinamentos ainda mais desiguais.
Cerca de 11 mil atletas são esperados para as Olimpíadas, a partir de 23 de julho. A vila onde ficarão foi um dos pontos visitados por Bach, que se mostrou satisfeito em realização à estrutura que já está pronta (afinal a essa altura, os Jogos já teriam terminado, em um cenário de normalidade). A comitiva esteve ainda no Estádio Nacional, que deve receber as cerimônias de abertura e encerramento. Agora vazio, o local representaria a confraternização entre atletas e espectadores na maior festa esportiva do mundo.
As incertezas rondam ainda não só o mundo esportivo, mas toda a sociedade, e deixam lacunas quanto ao que virá pela frente. É preciso ter cautela, apesar de garantias terem sido dadas. O que esperar de Tóquio 2020 (a marca foi mantida apesar da mudança de ano), só os próximos meses dirão. Mas o que se sabe é que serão Jogos como jamais vistos, seja por aspectos positivos e/ou negativos.