2021. Ano olímpico. Uma associação que já é inusitada por si só - afinal os Jogos nunca foram realizados em ano ímpar - e ainda é cercada de dúvidas e incertezas. Em meio à pandemia do novo coronavírus, cada semana, quinzena e/ou mês é de mudanças. Melhora do cenário epidemiológico, piora, descobertas de variantes, início da campanha de vacinação...
Que as Olimpíadas serão diferentes, não há dúvidas. Provavelmente, não contarão com a presença de público, o que já é uma perda irreparável no espetáculo. A própria população da cidade-sede indica não ser exatamente a favor da realização como está prevista, entre 23 de julho e 8 de agosto. Pesquisa da Kyodo News, publicada no último domingo (10), aponta que 80% dos japoneses acreditam que as Olimpíadas e Paraolimpíadas deveriam ser canceladas ou remarcadas. Cenário divulgado em um período no qual o país anunciou o estado de emergência, que acarreta uma série de medidas ainda mais restritivas
O país asiático receberá cerca de 11 mil atletas de 46 modalidades e oriundos de 204 países, em estágios diferentes de controle da pandemia. Tudo isso poderia facilitar ainda mais a circulação do vírus.
Enquanto o cenário é de incertezas, aos atletas que sonham em participar do maior evento esportivo do mundo o momento é de intensificar a preparação. Aqui no Brasil, foram pelo menos quatro meses sem atividades nos centros de treinamento. Desde julho, o Comitê Olímpico busca dar possibilidades de manter os treinos em alto nível. Apesar das adversidades, o COB avalia que a retomada é melhor que o que se esperava. “Os primeiros meses após o adiamento dos Jogos foram bem complicados, mas, conforme os psicólogos, foram atuando e os treinamentos foram retomados, entendemos que terminamos o ano numa situação bem melhor do que tínhamos como perspectiva em março.”
Na última edição dos Jogos, no Rio, o Brasil chegou a um feito inédito com sete ouros, seis pratas e seis bronzes, 19 medalhas no total e a 13ª posição no quadro de medalhas. Para Tóquio, o COB avalia que ainda é cedo para traçar expectativas, já que essa estimativa é feita em relação às disputas no ano anterior ao olímpico, mas a meta é positiva. “O Brasil ao longo dos últimos quatro anos demonstrou capacidade de superar a quantidade de medalhas obtidas nos Jogos Olímpicos do Rio pelos resultados obtidos pelos seus atletas nas diversas modalidades, incluindo as que entraram no programa olímpico. Potencial existe.”
Além da preparação física e psicológica, o enfrentamento ao novo coronavírus é preocupação constante dos atletas e do Comitê. Em relação à possibilidade de vacinação dos competidores, o COB descarta qualquer tipo de prioridade para a categoria. “Existem prioridades no atendimento dentro da população brasileira. Os esportistas, mesmo em preparação para os Jogos, têm que entender isso. Trabalhamos com a expectativa de que a vacina possa ser usada em algum momento, mas com a realidade de que isso possa não vir a acontecer. Então, temos que apostar nas medidas de controle, desde higiene pessoal ao distanciamento e uso de máscara.”
2021 nem bem começou, mas já podemos afirmar que será um ano marcante para o meio esportivo. Se teremos Olimpíadas, ainda é cedo para afirmar. Os próximos meses serão decisivos em relação ao controle da pandemia.