Pandemia do novo coronavírus alterou também calendário das competições nacionais. Superliga deve começar em novembro, após última edição ter sido cancelada em março, ainda na fase de grupos
Este que seria um ano olímpico se transformou em mais um pré-olímpico, e a quebra de todo o planejamento vem acarretando consequências para o vôlei brasileiro. Os atletas das seleções feminina e masculina não vão se encontrar em 2020 para treinos. Todas as competições oficiais foram canceladas e a possibilidade de reunir os grupos em Saquarema (onde fica o centro de treinamento da seleção), que chegou a ser cogitada, foi descartada pelos técnicos José Roberto Guimarães e Renan Dal Zotto.
O calendário para o retorno das atividades da seleção ainda é incerto, como explica o superintendente da Confederação Brasileira de Vôlei, Renato D’Avila, que se mostra otimista.
“Tão logo a gente consiga definir o nosso calendário de clubes, consequentemente vai ficar definido o calendário de seleções […], tudo vai se encaixar e eu tenho certeza que a preparação brasileira vai ser a melhor possível e a gente vai honrar a tradição do Brasil...”
Uma das modalidades mais vitoriosas do esporte brasileiro, o vôlei de quadra conquistou quase tudo que é possível nas duas categorias adultas: feminina e masculina. Mas nos últimos anos, o cenário vem sendo diferente, principalmente, para as mulheres, que depois de uma eliminação precoce nas oitavas de final nas Olimpíadas do Rio, em 2016, vêm sofrendo altos e baixos nas competições.
Ano passado, a conquista da vaga para os Jogos de Tóquio veio no sufoco, após partida emocionante e vitória no tie-break contra a República Dominicana. Os homens também garantiram a vaga e vêm em um percurso melhor desde o ouro na última disputa olímpica; 2019 terminou com o primeiro lugar na Copa do Mundo.
Superliga A deve começar em novembro
O cenário para os clubes também foi impactado por conta da pandemia. Muitos times tradicionais que disputam a Superliga já enfrentavam dificuldades financeiras, antes mesmo desta crise, como é o caso da equipe masculina do Sesc RJ, que anunciou o fim do projeto, em fevereiro. A situação se agravou e outras equipes passaram por cortes. O Sesi SP, que contava com atletas da seleção brasileira em seu grupo, deve iniciar a temporada 2020/21 apostando em jovens talentos e contando com a experiência do líbero Murilo Endres.
Uma das maiores mudanças para a próxima temporada vem da equipe mais vitoriosa da Superliga. O Rio de Janeiro Vôlei Clube se uniu ao Flamengo, buscando juntar forças e equilibrar as finanças para driblar o cenário de adversidades. O duodecampeão nacional e o clube mais popular do país têm como principal objetivo manter uma equipe competitiva.
O supervisor do time, Harry Bolmann, conta que a base da equipe, que terminou a última temporada da Superliga em 2º lugar, deve ser mantida, mas o anúncio oficial do elenco sairá nos próximos dias. O que se sabe é que a principal atleta contratada na temporada passada, Tandara Caixeta, já foi anunciada como reforço pelo rival histórico, Osasco.
Em relação ao investimento, ele ressalta, sem revelar valores, que “haverá manutenção da força de investimento da temporada passada”. E destaca sobre a união: “Tem tudo pra potencializar o projeto, a questão das marcas e aspectos sociais tão importantes". Ações sociais que são destaque, principalmente, após a união do projeto com o Sesc Rio de Janeiro e que devem ser fortalecidas, segundo Harry, já que “o Flamengo também tem uma área social importante, principalmente, em relação às categorias de base.
O Sesc RJ/Flamengo está retomando gradativamente as atividades paralisadas por conta da pandemia do novo coronavírus. As atletas já foram testadas para detecção de Covid-19, além de terem realizado exames clínicos e de esforço. Por enquanto, estão sendo realizadas atividades individualizadas, seguindo rígidos protocolos de segurança para evitar contaminação, como desinfecção constante da quadra, medição de temperatura e isolamento das entradas para o local, que fica na Escola de Educação Física do Exército, na Urca.
O vôlei, assim como o mundo, passa por adaptações. A crise ainda persiste e as consequências à modalidade já vêm transformando o cenário. Os próximos capítulos dessa história são incertos.