Pesquisador Rodrigo Faour segue lutando por uma MPB sem preconceitos em novo trabalho

O autor resgata um cancioneiro popular esquecido pelas elites e o desmistifica em livro e já promete outro lançamento

Legenda: Rodrigo Faour é o autor de biografias de estrelas da nossa música como Cauby Peixoto e Ângela Maria
Foto: Reprodução/Facebook

Vivemos em um país repleto de pluralidade. A mestiçagem de seu povo deságua em um oceano de sons que fazem bater o coração feito surdo, bongô ou tamborins e essa história precisa ser contada. Dentro da pesquisa musical no Brasil, um dos grandes nomes que jamais serão esquecidos é o do jornalista e escritor Rodrigo Faour, digo isso pois seu trabalho minucioso e detalhista o faz ser um dos melhores no que faz, talvez, o mais importante de sua geração.

O autor de biografias de ninguém menos que Cauby Peixoto, Ângela Maria e Dolores Duran, lança agora “História da música popular brasileira sem preconceitos – Dos primórdios, em 1500, aos explosivos anos 1970 – Vol. 1”. O longo título já mostra a prévia de uma vasta e plural pesquisa sobre nosso cancioneiro popular, até aquele esquecido do grande público.

Seu novo trabalho reflete seu pulso sanguíneo presente em todas suas obras, que é o resgate de grandes nomes, ritmos e gêneros por vezes segregados por uma crítica elitista. Pensando na trajetória de Faour, o chamado “cafona” sempre foi matéria prima para afirmar que o “brega é chique”.

“Muitas vezes, é saltada uma parte importante da música popular brasileira. Lembram muito do Pixinguinha, João de Barro, a própria Elizeth Cardoso, mas aí apagam os cantores do Rádio e já pulam para Bossa e então fui exatamente contra isso”, me contou o carioca em conversa por telefone.

É com esse espírito inquieto e questionador da própria história pré estabelecida pelos seus antecessores que Faour consegue ousar sempre, em uma escrita leve, didática que mais parece um papo irreverente colocando o leitor imerso naquele mundo apresentado.

Capa do livro MPB
Legenda: Capa do livro "História da Musica Popular Brasileira Sem Preconceitos - Vol I"
Foto: Divulgação

No decorrer das quase seiscentas páginas do livro, que ganha já sua segunda edição, o público aprende desde quem foi Chiquinha Gonzaga até Milionário e Zé Rico, afinal, já na capa anuncia a vastidão do seu olhar: “Dos primórdios de 1500 aos Explosivos anos de 1970”.

Novo lançamento

O ano de 2022 deve ser também de lançamentos para o jornalista, o segundo volume de “História da música popular brasileira sem preconceitos”, agora abordando o pós ano 60 até os tempos atuais. “Primeiro seria um livro só, mas como foi ficando muito grande, dividimos. Para você ter uma noção, o segundo trata de poucas décadas, mas é tão denso quanto o primeiro”, afirmou o autor.

No trabalho futuro, que por sinal já está escrito e em fase final de catalogação das imagens para ser lançado em breve, o autor vai se debruçar em gêneros novos e com o advento das tecnologias e plataformas, muitos artistas se projetaram e esses serão investigados pelo pesquisador.

Já que estamos falando de novas mídias, é impossível não falar do canal do Rodrigo Faour no Youtube onde podemos nos deleitar em divertidas entrevistas com astros da nossa música, além de seleções de discos e crônicas literomusicais. O jornalista também apresenta trechos de shows produzidos por ele, como o da cerimônia do antológico prêmio “Sexo MPB”.

Faour não para e seu entusiasmo revigora a alma de quem ama a Música Popular Brasileira, até uso as palavras do autor para dizer que a “a nossa música consegue ser um dos mais importantes manifestos da nossa cultura”, é uma arte plural e integrando um país marginalizado até pelos seus mais altos cargos administrativos.

Viva o cancioneiro do imenso Brasil, do Oiapoque ao Chuí, do sertão remoto à metrópole moderna. Esse é um canto nosso que no fundo é feliz pois anuncia ares de esperança até diante das dificuldades. Que venham novas músicas e histórias de um olhar livre e sem preconceitos!