Há sete anos o meu dia dos pais se modificou. Em agosto de 2014, vivi essa primeira data longe do meu velho, que faleceu no ano anterior. Depois de todo esses anos, a dor se transforma em uma saudade mais aliviada. Muitas vezes as lembranças são revisitadas, e nesse domingo não vai ser diferente.
Uma das minhas formas de pensar no passado com certa paz e serenidade é por meio das músicas. Já até afirmei que elas trilham nossas vidas e todas as memórias. Neste Dia dos Pais pergunto: qual música te faz pensar no seu?
Não gosto de listas, são sempre segregadoras e o esquecimento termina se tornando inevitável, mas ouso escrever sobre o assunto falando de algumas dessas letras que entram nos meus e em outros corações que já não convivem com a presença paterna em sua vida. Alerto, pode ser óbvio, mas compartilhar da saudade de cada um vai me afagar neste domingo.
"Naquela Mesa" (Sergio Bittencourt)
Jacob do Bandolim e Sergio Bittencourt nunca tiveram uma relação cordial. Pai e filho sempre tiveram opiniões divergentes, principalmente na questão política. Desavenças à parte, o amor sempre existiu entre os dois. Em 1969, após a morte do bandolinista, Sergio compôs “Naquela Mesa”, que foi gravada pela divina Elizeth Cardoso, mas veio ganhar destaque na voz de Nelson Gonçalves.
A amizade de Seu Robertinho Braga com seu rebento era grande, o chamando carinhosamente de Zunga. Devido a profissão de relojoeiro, viajava sempre de Cachoeiro de Itapemirim para o Rio de Janeiro comprar produtos e fazer concertos e sempre levava o filho junto. Nos seus últimos meses de vida, no fim dos anos 1970, ele teve o prazer de ouvir a composição do seu filho, agora já nomeado de Rei Roberto Carlos, a canção “Meu querido, meu velho, meu amigo”.
"Pai" (Fábio Júnior)
Uma das mais tocadas(e choradas) a música pai foi lançada em 1978 e responsável por lançar o até então ator Fábio Júnior, como um dos grandes sucessos da nossa música popular. No ano seguinte, interpretou a canção em um programa da Janete Clair, que logo colocou em destaque da sua nova novela “Pai Herói”, na TV Globo, e conquistou a parada de sucessos. A letra mescla a sua infância com o amadurecer, e as dificuldades que o tempo nos faz ao tirar quem amamos. Até hoje, a letra é um dos fortes do artista.
O amor não morre
Em muitas famílias o amor de pai é ausente, em outros casos a relação é difícil e delicada. Meu pai, por exemplo, foi uma versão diferente para seus cinco filhos e todas elas de formas muito sensíveis, caminhando em linhas muito tênues, ainda assim, hoje é dia de lembranças. E você, qual a música que embala sua saudade?