Conheci o "seu Genival Lacerda" em 2016. Na ocasião, estávamos em Aquiraz (CE), na gravação do DVD "Meu Ninho", de Waldonys. Nos primeiros minutos de captação de imagens no Clube de Aviação Catuleve, chegou de carro uma figura baixinha, falante e de chapéu vermelho. Diferente dos outros convidados cheios de seguranças — quase intocáveis — recebi um aperto de mão caloroso e com um sorriso do tamanho do mundo. Acompanhado do filho, Genival Lacerda cumprimentou todos os que estavam no entorno do camarim.
Minutos antes de subir no palco para gravar, ele atendeu cada repórter por vez, sem a pressão de uma coletiva. No bate-papo, brincou, sorriu, fez piada, graça e, novamente, deu mais sorrisos. Bastou aquele momento para sentir que era a mesma pessoa divertida que sempre assistia em programas de TV.
Conhecida nacionalmente por ser carregada de duplos sentidos, a obra de Genival Lacerda ficará de legado para uma geração da música. Sem represálias da atualidade, cercada do politicamente correto, ele foi um dos poucos da geração de 1960 que conquistou liberdade para tratar o forró com humor. Ao mesmo tempo, ele preservou até as últimas produções musicais o som da santíssima trindade do forró: sanfona, zabumba e triângulo.
Com produções musicais do LP ao streaming, canções como "Severina Xique-Xique", "Radinho de Pilha", "Rock do Jegue", entre outros hits, vão ficar eternizados em trilhas de novelas, filmes e documentários.
O trabalho de Genival Lacerda fica de exemplo para futuras gerações. Ele ensinou ser possível fazer forró além do romantismo. Um som feito para ultrapassar o sentindo da audição. É quase que automático ouvir o paraibano e não dançar, vontade ausente em alguns repertórios da atualidade.