Opinião
Premiados em festivais, três longas cearenses estreiam em 2024 como destaques da Embaúba Filmes
“A Filha do Palhaço”, “Estranho Caminho” e “Quando Eu Me Encontrar” serão lançados nos cinemas ao longo deste ano pela distribuidora mineira
Três premiados longas cearenses que se destacaram no circuito de festivais ao longo do ano passado terão estreia no circuito comercial em 2024. “A Filha do Palhaço”, “Estranho Caminho” e “Quando Eu Me Encontrar” chegam às salas de cinema de todo o País a partir do trabalho da distribuidora mineira Embaúba Filmes, que já tem experiência anterior com produções do Estado.
Fundada e dirigida pelo programador Daniel Queiroz, a Embaúba Filmes tem no catálogo obras reconhecidas da produção recente do cinema brasileiro, como “Marte Um”, de Gabriel Martins; “Arábia”, de Affonso Uchôa; e “Chuva é cantora na aldeia dos mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora.
- “A Filha do Palhaço” - estreia em 2 de maio
De Pedro Diógenes, com Demick Lopes, Lis Sutter e Jesuíta Barbosa. Acompanha uma adolescente que, tendo crescido distante do pai — que trabalha como humorista —, passa uma semana com ele. A obra homenageia o artista Paulo Diógenes (1961-2024), que criou a célebre Raimundinha. Confira o trailer clicando aqui.
- “Estranho Caminho” - estreia em 1º de agosto
De Guto Parente, com Lucas Limeira e Carlos Francisco. Um cineasta retorna à cidade natal enquanto a pandemia avança. Distante do pai, se vê obrigado a reencontrá-lo e, a partir disso, coisas inesperadas acontecem. Confira o trailer aqui.
- “Quando Eu Me Encontrar” - estreia em 19 de setembro
De Michelline Helena e Amanda Pontes. Na trama, uma jovem de repente parte de casa. A partir disso, o longa-metragem segue as transformações que ocorrem, após essa partida, em quem ficou: a mãe, a irmã, o noivo. Confira o trailer aqui.
Diálogo com o público
As obras, como elabora Daniel em entrevista à coluna, guardam pontos de convergência que as aproximam em diferentes níveis. “São filmes que aliam qualidade cinematográfica, lidam com questões importantes e, ao mesmo tempo, dialogam muito bem com o público, com as mais diferentes plateias, o que ficou muito evidente nas exibições já realizadas no circuito de mostras e festivais”, ressalta.
A expectativa de repercussão de público e crítica é positiva, mas Daniel ressalta o desafio de alcance das obras: apesar de terem elementos de apelo junto aos espectadores, a distribuição comercial de filmes de escala menor no Brasil enfrenta questões.
““Lidamos com dificuldades estruturais grandes, no cinema brasileiro, que acabam criando um fosso entre os filmes de perfil mais independente e os grandes blockbusters”
"Vamos trabalhar muito para tentar ampliar o circuito desses filmes, pois sabemos do potencial que eles possuem, mas temos os pés no chão e sabemos que dificilmente conseguiremos colocá-los num circuito grande de salas com perfil mais comercial”, aponta o distribuidor.
Vínculo com o Ceará
Os próximos lançamentos cearenses da Embaúba Filmes irão se juntar a uma lista que já soma cinco produções do Estado que tiveram distribuição da empresa:
- A misteriosa morte de Pérola (2014), de Guto Parente e Ticiana Augusto
- Inferninho (2018), de Guto Parente e Pedro Diógenes
- As cores do Divino (2020), Victor Costa Lopes
- Pajeú (2022), Pedro Diógenes
- Um jóquei cearense na Coreia (2023), Guto Parente
“Isso ocorreu de forma natural, pois antes de criar a Embaúba eu atuava como programador de salas e festivais e já possuía vínculos muito fortes com o cinema cearense. Tive a oportunidade de acompanhar de perto a evolução desse cinema e, ao enveredar pela distribuição, passei a fechar várias parcerias com produtoras do Estado”, contextualiza Daniel.
O vínculo citado, inclusive, passou “por uma relação de admiração com a cena local, desde os primórdios do coletivo Alumbramento” — grupo que reunia nomes como Amanda Pontes, Guto Parente e Pedro Diógenes.
Os dois últimos, inclusive, já têm experiências de distribuição de filmes com a Embaúba. “Apesar de não ser uma regra geral, gostamos de acompanhar as trajetórias de alguns cineastas que admiramos muito, como é o caso”, ressalta Daniel.
Cinema brasileiro refletido no catálogo
O destaque do cinema cearense no calendário de estreias de 2024 da Embaúba, que anunciou um total de 10 lançamentos para este ano, é fruto de um gesto de descentralização efetivado pela distribuidora.
“Apesar de termos uma preocupação com a construção de um catálogo diverso, em todos os sentidos, esta descentralização vem se dando de uma forma muito natural”, aponta Daniel.
“Trabalhamos com documentários, ficções, com obras que possuem narrativas clássicas, mas também com filmes que possuem muita experimentação de linguagem. Esta riqueza e diversidade do cinema brasileiro acaba se refletindo em nosso catálogo”
“Acima de tudo, nosso interesse é por bons filmes, obras instigantes, relevantes, que se destacam enquanto criações artísticas, e os talentos estão espalhados por todo o país”, considera.
