Senadores bateram palmas para Luciano Hang dançar na CPI da Pandemia

O empresário bolsonarista transformou o depoimento em circo com a concessão dos parlamentares

Legenda: Caricato, o empresário mostrou na prática o negacionismo já conhecido por todos
Foto: Agência Senado

O empresário Luciano Hang, representante exponencial do bolsonarismo raiz, fez o que já era esperado na CPI: transformou-a em circo, falou para o seu público, surfou na onda das redes sociais, fugiu das (poucas) perguntas contundentes e não acrescentou nada aos trabalhos que a sociedade quer e cobra das autoridades: a responsabilização dos agentes que contribuíram ao morticínio nacional.

Ao contrário, Hang usou e abusou do generoso espaço midiático dado a ele. Pior do que a performance do depoente foi a postura dos senadores da CPI – pouco qualificada tecnicamente.

Aliás, foram estes mesmos senadores que montaram o circo e bateram palmas para o “véio da Havan” dançar. Um completo absurdo. 

O papel da CPI é investigar as possíveis omissões e crimes cometidos na Pandemia, especialmente, por agentes públicos. O que Hang estava fazendo lá? O próprio depoente questionou isso, com toda razão.  

Em determinado momento, o relator, Renan Calheiros, o chamou de “bobo da corte”. A ideia era desmoralizar o depoente? Se sim, o tiro saiu bem longe do alvo. Apenas mais uma demonstração de como o mundo da política tradicional ainda não aprendeu a lidar com o bolsonarismo e sua forma de conduzir os embates na esfera pública. 

Hang é um negacionista contumaz. E estava vibrando com o espaço dado para as declarações estúpidas. Elas agitam a legião de ‘hangs’ das redes sociais.

Teve de tudo: inclusive uma declaração de que por ter uma “imunidade alta” foi aconselhado pelos médicos a não tomar a vacina contra a Covid-19. Um ser supremo, imune ao vírus. Piada.  

Um caso estarrecedor 

O episódio da morte da mãe do depoente não passou batido. O empresário acusou os senadores de terem politizado o caso, quando ele mesmo trouxe o tratamento da genitora ao debate público.

Um caso, aliás, que soa estarrecedor, com o uso de medicamentos ineficazes e até ocultação da causa covid no atestado de óbito. Um emblema do que se suspeita no caso da Prevent Senior. 

Picadeiro 

O picadeiro montado na CPI depõe contra o parlamento brasileiro. E o pior: quem financiou tudo aquilo foi o meu e o seu dinheiro, caro leitor. Lamentavelmente. Aquilo tudo não passou de uma palhaçada. Talvez o picadeiro tenha ficado pequeno, pois havia diversos protagonistas, além daquele que vestia um terno verde-amarelo, estilo Zé Carioca. Uma caricatura. 

Ao longo dos meses, a CPI desnudou uma realidade que aponta para muitos crimes cometidos pelos envolvidos, ou seja, não há que se questionar a importância da CPI. Entretanto,  a comissão deslizou feio em algumas oportunidades, como esta.