Quase sete em cada 10 deputados cearenses, entre estaduais e federais, são candidatos neste pleito municipal ou têm familiares próximos disputando os principais cargos eletivos do Ceará, na Capital e no Interior. Isso significa que 61,8% dos parlamentares estão diretamente envolvidos na disputa pelo voto, mesmo exercendo mandatos.
Ao todo, o Estado do Ceará tem 68 deputados. São 46 estaduais, compondo a Assembleia Legislativa, e 22 deputados federais, ocupando cadeiras na Câmara, em Brasília. Destes, 42 integram o levantamento feito por esta Coluna. A pesquisa envolve ainda, eventualmente, algum suplente que esteja no exercício do mandato.
Na prática, a lista de parlamentares que mergulham nas campanhas eleitorais é maior, tendo em vista que alguns não têm familiares, mas sim aliados próximos que buscam se eleger nas próximas eleições.
Além disso, o levantamento revela a força secular da tradição familiar na política cearense, nas mais diversas regiões do Estado e com um detalhe: até as lideranças recém-chegadas ao ambiente político, pregando renovação, se utilizam da prática para ampliar a capilaridade política no Estado.
Especialista no assunto, Emanuel Freitas, professor de Teoria política da Uece e coordenador do Doutorado em Políticas Públicas, ajuda a ampliar o raciocínio sobre a lógica das famílias na política. “Antes, isso parecia que era uma coisa das antigas oligarquias do Nordeste. Mas, na verdade, é uma lógica nacional. Acontece em todo o País”, argumenta.
“A família foi a grande instituição que fundou o Brasil. Como a política se tornou um meio de vida, as famílias vão se reproduzindo, fazendo renda... E o interessante é que mesmo aqueles que se apresentaram como novidade, também trazem as famílias”.
Esse contexto, segundo ele, dificulta a renovação na política. “Na verdade, o que você tem uma mudança de nomes, mas não de sobrenomes”, critica.