Rompimento de tubulação em Jati exige esclarecimento técnico, sem margem a interesse político

Como uma obra cuja concepção é centenária e que se propõe a resolver um dos maiores problemas do Nordeste brasileiro - a escassez de água -, a Transposição do Rio São Francisco é cercada de expectativa na população e, obviamente, gera dividendos políticos.

Nesse contexto, o vazamento na dimensão do que ocorreu na tubulação ao lado do reservatório de Jati, na região do Cariri, na última sexta (21) precisa ser visto na dimensão macro. No momento, o episódio está a merecer todas as análises técnicas possíveis sobre a segurança da barragem e, em paralelo, a assistência à população afetada. Aliás, no episódio, ficou evidente que os moradores de Jati não tiveram preparação para conviver com situações de emergências inerentes à presença da nova barragem que chega com a promessa de dias melhores.

Interesses eleitoreiros

O fundamental, neste momento, é dar condições para que especialistas, seja das empresas responsáveis pela obra ou de consultorias externas, mergulhem nos detalhes para esclarecer os motivos que levaram ao rompimento do duto, episódio que gerou pânico na população. Antes da avaliação técnica e da conclusão dos laudos, qualquer tipo de afirmação sobre o que aconteceu e sobre as responsabilidades não passam de suposições. O que se desenha neste momento é uma disputa política sobre o fato, cercada de versões duvidosas, com interesses meramente eleitoreiros. A população precisa ficar atenta.

Empréstimos

Tramitam na Assembleia Legislativa e podem ir ao plenário na sessão da próxima quinta (27), dois projetos em que o Governo do Estado pede autorização da Assembleia para contratar empréstimos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Um deles é para o programa de Modernização do Tribunal de Justiça do Ceará no valor de 35 milhões de dólares. O outro é para a implantação do Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência, com valor aproximado de 52 milhões de dólares.

Reestruturação

O pedido de autorização para o empréstimo ocorre no momento em que a elevação dos índices da violência voltam a desafiar o poder público e, por isso, governo discute um plano de reestruturação da área da segurança. Em julho, durante entrevista a este colunista, o governador Camilo Santana informou que um plano para a área estava em gestação.