A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu início a um projeto bilionário e estratégico para resolver um grave problema do ensino básico no Brasil: a ausência de conectividade com a Internet. Atualmente, segundo dados da agência, há cerca de 10 mil escolas sem acesso a internet nas 5 regiões, principalmente no Norte e Nordeste.
Quem está a frente desse projeto é o conselheiro da Anatel, o advogado cearense Vicente Aquino. Em entrevista a esta coluna, ele detalha a estratégia para investir R$ 3,1 bilhões para levar internet aos locais mais distantes do país.
“O projeto Aprender Conectado nasceu do leilão do 5G realizado no Brasil. O objetivo central é levar conectividade de alta velocidade as escolas do ensino básico no País. Nós fizemos um grande levantamento e estamos agora com um protótipo em andamento em 177 escolas”, diz.
Das mais de 10 mil escolas sem qualquer conexão com a internet, 92% estão nas regiões Norte e Nordeste, as mais pobres do País. Esse detalhe aprofunda e revela, na visão do conselheiro, as desigualdades regionais.
“Vamos usar internet via satélite paras a região da Amazônia e a fibra ótica no Nordeste para atacar esse grave problema. Atualmente, ter conectividade significa grandes avanços não só na educação, mas na economia também”, destaca.
Posição do Ceará
Aquino reforça que a rede pública de ensino no Ceará tem uma das melhores situações do País também quando o assunto é conectividade. São apenas três escolas sem conexão de um total de 750 unidades da rede estadual.
Em relação às escolas municipais, o número é um pouco maior, são 122 escolas desconectadas, mesmo assim, é um modelo. “Sempre que falamos em nível nacional, o Ceará é um modelo. Mas isso não é para se comemorar de forma absoluta. Precisamos resolver esses problemas e avançar para dar conectividade de alta velocidade para todas as escolas".
Financiamento do projeto
Um dos diferenciais do projeto tocado pela Anatel, segundo o conselheiro Vicente Aquino, é a não dependência de recursos públicos, pois o financiamento será com recurso privado já resolvido no leilão do 5G.
“Os recursos estão garantidos e aplicados em um fundo privado. Não vamos ter as amarras do dinheiro público que depende de uma série de burocracias para a liberação. O que vamos ter é despesa privada com as regras do poder público como o princípio da eficiência e da moralidade”, detalha.
Para iniciar o projeto, a Anatel selecionou 177 escolas em municípios localizados nas 5 regiões do País. Inicialmente, serão contempladas escolas no Pará, Paraíba, Sergipe, Rio de Janeiro e Goiás, por exemplo.
“Será uma espécie de protótipo em que iremos fazer todos os testes e desenvolver a metodologia que iremos implantar em todo o País. É um projeto grandioso e desafiador”, destaca.