Operação da PF antecipa clima eleitoral em Fortaleza

A Operação Dispneia, que investiga a compra de respiradores em Fortaleza, abriu uma disputa política que está antecipando o período eleitoral deste ano. Depois de o fato ser amplamente explorado nas redes sociais durante o dia por opositores da atual gestão, uma 'live' do prefeito Roberto Cláudio (PDT) na noite de ontem acusou a operação, em especial a Controladoria Geral da União (CGU), cujo representante é de livre indicação do presidente Jair Bolsonaro, de "motivações políticas" na ação. Mais do que o mérito da ação e os detalhes de todo o processo, ficaram em evidência justamente o caráter político das denúncias e a pirotecnia. Depois da repercussão que o caso tomou, os fatos investigados precisam ser esclarecidos o quanto antes para que a sociedade possa ter mais clareza. Para além dos lados políticos, é preciso ter uma dimensão sobre o que é um problema administrativo ou malversação dos recursos públicos. Não podem sobrar dúvidas sobre o assunto.

Planos do TSE

Tomou posse, ontem, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso. No primeiro discurso à frente do cargo, o presidente responsável por conduzir o Tribunal nas eleições municipais deixou claro que a Corte trabalha com três cenários: manter as eleições como estão, previstas para outubro, considerando a volta à normalidade; adiar pelo prazo mínimo possível, em acordo com o Congresso Nacional; ou, em hipótese remota, realizar o pleito no ano que vem. Hipótese descartada, segundo ele, é a de postergar os mandatos por dois anos para coincidir os pleitos locais e nacionais.

E as fake news?

Outro trecho de destaque na fala do presidente recém-empossado do TSE, que também diz respeito às eleições, é o que chamou de "terroristas virtuais", em referência a grupos que promovem a desinformação na Internet com a divulgação das conhecidas "fake news". O ministro, entretanto, reconheceu limitações para o combate à proliferação de informações falsas em campanhas eleitorais. Para o problema, disse ele, o remédio maior é o jornalismo sério, as empresas que detêm as próprias redes sociais e a própria sociedade. Segundo Barroso, a Corte Eleitoral vai investir em conscientização a respeito do tema. Para ele, o abuso desse expediente tem prejudicado a democracia.

Alvo de novas representações do PDT, do PSDB e do Psol na Assembleia Legislativa, o deputado André Fernandes (PSL) também precisará dar respostas à Justiça sobre acusações que fez nas redes sociais. Ele tem 72 horas para apresentar provas sobre acusações feitas contra o secretário estadual da Saúde, Dr. Cabeto, no âmbito de uma ação ajuizada pelo Governo do Estado.

O prazo foi dado pela juíza Nádia Maria Frota Pereira, da 12ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Fortaleza, e passa a contar a partir da notificação do parlamentar. O processo protocolado no dia 18 de maio, ou seja, dez dias depois das acusações, pede indenização por danos morais. André Fernandes já é alvo de processo - prestes a ser votado - na Assembleia por quebra de decoro.