Michel Temer vira um reflexo do MDB

Foto: AFP

O ex-presidente Michel Temer está afastado das atividades partidárias no MDB desde que deixou o cargo de presidente da República, em 31 de dezembro de 2018. Pelo menos, foi isso que ele deu a entender, ontem (16), em conversa com empresários cearenses, em videoconferência promovida pelo Lide Ceará. O emedebista fez um resgate histórico das constituições brasileiras - Temer é renomado professor de Direito Constitucional - e focou em pedidos de diálogo para o País sair da crise que tem múltiplas facetas neste momento. Sempre que questionado sobre questões partidárias, ele demonstrou total desinteresse pela temática. Assim, Temer, ex-presidente, ex-chefe da Câmara dos Deputados e figura que já foi valorizada nos bastidores de Brasília, acaba sendo um pouco do reflexo do que se tornou o partido. De entidade tida como fiel da balança para o exercício dos mandatos dos presidentes da República de plantão desde a redemocratização a um aglomerado de líderes, muitos dos quais derrotados nas urnas, e com extrema dificuldade de renovação dos seus quadros.

No Ceará

O repórter deste Jornal, Flávio Rovere, questionou o ex-presidente sobre o momento que vive o MDB e apontou a situação que o partido enfrenta no Ceará, por exemplo. Aqui, está com dificuldades de formar alianças e, ao mesmo tempo, não tem um nome novo e de alguma envergadura para apresentar na disputa pela Prefeitura de Fortaleza. O ex-presidente respondeu à pergunta da seguinte maneira: "Eu sei que o MDB tinha e tem no Eunício Oliveira, que é um líder do MDB no Ceará, uma grande figura. Eu tenho a impressão que ele continua aí fazendo sua atividade partidária e vai verificar como levar adiante essa questão de uma eventual candidatura em Fortaleza e nos municípios do Ceará. Ele sempre teve grande presença e continua tendo grande presença". Os desafios do partido, pelo que se observa, serão grandes.

De volta ao palácio

A Assembleia Legislativa aprovou, ontem, um projeto do governo do Estado que cria o Conselho dos Governadores do Ceará. O colegiado reúne todos os ex-governadores vivos, sob comando do chefe do Executivo de plantão. A ideia é compartilhar as decisões estratégicas a serem tomadas pelo governo. Após a aprovação, a matéria vai para sanção. O governador Camilo Santana estuda a data da primeira reunião do grupo. Pelo projeto aprovado, o grupo deve se reunir ao menos duas vezes ao ano, podendo ainda haver convocações extraordinárias. Os ex-governadores são: Adauto Bezerra, Gonzaga Mota, Tasso Jereissati, Ciro Gomes, Chico Aguiar, Lúcio Alcântara e Cid Gomes.

Silêncio no plenário virtual da Assembleia é coisa rara. Os debates nas sessões por videoconferência têm sido concorridos entre os parlamentares. Mas ontem, após o deputado Delegado Cavalcante convidar o o senador Flávio Bolsonaro para dar um "oi" na sessão, houve algum tempo de vácuo. Nenhum parlamentar cearense respondeu ao aceno.

Gerou questionamento a aparição do filho do presidente Jair Bolsonaro. Para o deputado Osmar Baquit, é preciso ter cuidado com isso para não "banalizar" o expediente. "Quer dizer que alguém pode trazer aqui algum candidato a prefeito seu?", questionou. O deputado Elmano Freitas, que presidia a sessão, tratou de botar panos mornos.



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