Horizonte de desafio dos municípios

O fato de Fortaleza ultrapassar Salvador pela primeira vez desde 2002 - data que marca o início da série histórica que mede o PIB dos municípios, divulgado pelo IBGE - representa um crescimento pelo menos simbólico do Ceará na geografia política nacional. Nestes casos, economia e política andam sempre juntas.

Os dados mostram uma alta de importância da Capital cearense na geração de riquezas constante desde o início da década de 2000. Fortaleza, no levantamento, partiu em terceiro lugar, abaixo de Salvador e Recife. As duas grandes cidades, agora, ficam para trás.

Os dados de 2018 mostram o seguinte: Fortaleza com R$ 67 bi, Salvador, R$ 63,5 bi e Recife, R$ 52,4 bi. A Capital mostra que se tornou uma cidade captada nos principais radares de investimentos e também vista como espaço de poder. De qualquer forma, um território ainda marcado pela desigualdade e que tem desafios significativos.

Municípios crescem

No levantamento do IBGE, há outras informações interessantes a serem avaliadas. Desde o início da série histórica, mesmo que com certa lentidão, Fortaleza vem reduzindo seu peso na geração de riquezas no Ceará.

Ou seja, as demais cidades estão crescendo em importância econômica, uma demonstração de certa interiorização das riquezas para cidade como Maracanaú, Caucaia, Sobral, Juazeiro do Norte e São Gonçalo do Amarante. Aliás, São Gonçalo é uma das cidades com crescimento destacado na análise dos dados, lá está o Porto do Pecém, um dos maiores geradores de dividendos no Ceará.

Desigualdades

O desafio das cidades e do Estado do Ceará, entretanto, é fazer com que o desenvolvimento gere, na mesma medida, redução das desigualdades sociais, com criação de novas oportunidades de trabalho, investimentos em saúde, educação e segurança e melhoria, evidentemente, da qualidade de vida de sua população.

O bom desempenho das maiores cidades acaba sendo também um contraste em relação aos municípios mais pobres. Em levantamento com base em dados de 2017, o Tribunal de Contas do Ceará, apontou que 41 municípios tinham prefeituras que não conseguiam arcar, em receitas próprias, nem 1% do que gastam.

PDT com Maia

Em âmbito nacional, o PDT, maior partido no Ceará, aprovou moção de não apoio a candidatos bolsonaristas no comando da Câmara dos Deputados. "Vamos dialogar com partidos que apoiam o Rodrigo Maia para buscar um nome que minimamente atenda às nossas pautas e discutiremos uma pauta que evitasse o sucateamento do estado", diz André Figueiredo. Outra hipótese é lançar um nome da oposição.

Reviravolta no PTB

O PTB do Ceará viveu uma reviravolta nos últimos dias. Após 17 anos no comando do partido, o prefeito de Juazeiro, Arnon Bezerra, ficou sabendo através de um ofício circular que não seria mais o presidente da sigla. O ex-deputado Roberto Jefferson, que comanda o partido em âmbito nacional, decidiu nomear o pastor Ribeiro Amaral. A reviravolta ocorreu horas depois que o filho de Arnon, o deputado federal Pedro Bezerra, assumiu o posto. Jefferson, na campanha eleitoral, ameaçou destituir comandos da sigla que se alinhassem com partidos contra Bolsonaro.